Mercado já precificou os eventuais resultados das eleições presidenciais?
O Metrópoles buscou entender quais as preocupações dos investidores faltando poucos dias para o primeiro turno
atualizado
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A quatro dias para o primeiro turno das eleições, os investidores estão atentos para saber com quem ficará a cadeira de presidente da República e quais serão os rumos da economia. Porém, não é de hoje que o mercado tenta precificar os dois principais candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro corria sozinho rumo à reeleição no ano passado, quando em 8 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elegível. Enquanto a militância petista comemorava a volta de seu maior nome, o pessimismo tomou conta das negociações e o Ibovespa despencou 3,98% e o dólar subiu 1,67%, aos R$ 5,78 no fechamento daquele dia.
A interpretação daquele momento era de um acirramento da disputa eleitoral e a possibilidade da volta de um partido de esquerda ao governo da maior economia da América Latina.
Apesar da política liberal do ministro Paulo Guedes ser “melhor quista” pelos investidores, Bolsonaro também causa desconforto para quem coloca dinheiro no país. Em 8 de setembro, um dia após os acenos autoritários de Bolsonaro no 7 de setembro, os negociadores reagiram com preocupação sobre a saúde institucional do Brasil. O Ibovespa fechou em queda de 3,78% e o dólar disparou 2,89%, para R$ 5,32.
Seja por dúvidas sobre a economia ou arroubos autoritários, o mercado mantém incertezas sobre ambas as candidaturas. Entre elas, sobre quem será o ministro da Fazenda – se Bolsonaro manteria Paulo Guedes ou se o trocaria. No caso de Lula, é sobre quem o petista escolheria.
O mercado, por enquanto, trabalha com a tese de que Henrique Meirelles ocupará o cargo. Ele apareceu ao lado petista em 19 de setembro deste ano. A imagem do ex-ministro da Fazenda de Michel Temer contribuiu para o Ibovespa fechar em alta de 2,3% e o dólar recuar 1,8%, cotado a R$ 5,16% no fechamento daquele dia.
Apesar de haver momentos de intensa volatilidade e das pesquisas de intenção de voto apontarem para uma vitória de Lula, o mercado deve considerar algumas previsibilidades e outras surpresas antes de precificar o resultado de antemão.
O CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, explicou ao Metrópoles que agora, com as indicações recentes, as políticas econômicas se tornam mais claras. “O mercado conhece a política econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, de enxugamento da máquina pública e incentivo à iniciativa privada. Entretanto, ao apresentar Henrique Meirelles, Lula sugere responsabilidade fiscal e isso agrada ao mercado. Ambos trazem políticas relativamente previsíveis”, afirmou.
Já Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos, disse que o mercado olha para além das eleições, com o aumento do emprego, PIB e a paridade dólar-real. “As eleições serão somadas a outros fatores. Agora não há uma precificação clara”, disse.
Já o cientista político sócio da Fatto Inteligência Política, Bernardo Livramento, avalia que no exterior há alguma preocupação sobre a reação institucional de uma eventual vitória de Lula e se isso “pode causar alguma turbulência institucional”.
“Depois são as desconfianças em relação à forma de governar. Há mais desconfiança com Lula. Mesmo com a aparição de Meirelles, por via de regra, governos de esquerda costumam entram em choque com a percepção dos mercados sobre a questão fiscal”, completou.