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Mensagens indicam que Hapvida pressionava médicos a prescreverem kit Covid

Diretores da operadora de saúde cobravam que médicos recomendassem medicamentos sem comprovação de eficácia para Covid

atualizado

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Divulgação/Ministério da Defesa
cloroquina
1 de 1 cloroquina - Foto: Divulgação/Ministério da Defesa

Igual ao que ocorria na Prevent Senior, médicos da operadora de saúde Hapvida, a maior das regiões Norte e Nordeste, teriam sido pressionados para receitar Kit Covid aos pacientes. A orientação era “aumentar consideravelmente” a prescrição de cloroquina e “fazer o convencimento” dos pacientes de que esse era o melhor tratamento a ser adotado, mesmo com a ineficácia comprovada.

O jornal O Globo teve acesso a documentos e a troca de mensagens em um grupo de Whatsapp de funcionários da operadora enviadas entre março de 2020 e maio de 2021. O conteúdo sugere a prática de pressionar médicos para recomendar os medicamentos. Ademais, ao longo da pandemia, a empresa exibia gráficos de metas de recomendação.

“A gente tem uma luta muito grande nos próximos dias para aumentar consideravelmente a prescrição de cloroquina, o kit Covid, para garantir que a gente tenha menos pacientes internados”, teria dito diretor da Hapvida Alexandre Wolkoff, em áudio gravado e enviado a um integrante da empresa no último dia 20 de janeiro, quando o Brasil voltava a decretar medidas restritivas para enfrentar a segunda onda da pandemia.

“Eu peço para vocês. A liderança de cada unidade, a diretoria médica, os regionais precisam liderar isso. A gente precisa subir a prescrição de cloroquina. Então, eu peço que vocês… não é só para Manaus, só para uma unidade ou outra, mas para todas as unidades, a gente [tem que] ter um aumento significativo da prescrição do kit Covid. Cada diretor médico da unidade é diretamente responsável por esse indicador”, teria acrescentado um dirigente da operadora.

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Bolsonaro ergue caixa de cloroquina a apoiadores no Palácio da Alvorada em julho de 2020
Cloroquina é um dos medicamentos do chamado kit Covid, e não tem comprovação científica de eficácia contra a Covid
Estudo norueguês aponta que hidroxicloroquina não tem eficácia contra o coronavírus
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Bolsonaro faz live tradicional de quinta-feira e exibe a cloroquina

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Bolsonaro ergue caixa de cloroquina a apoiadores no Palácio da Alvorada em julho de 2020

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Cloroquina é um dos medicamentos do chamado kit Covid, e não tem comprovação científica de eficácia contra a Covid

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Estudo norueguês aponta que hidroxicloroquina não tem eficácia contra o coronavírus

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Naquele momento, o Brasil ultrapassava a marca de mais de 220 mil mortes e assistia ao colapso no sistema de saúde em Manaus, com pessoas morrendo sem respiradores. Dias antes, o governo enviara comitiva ao estado.

Segundo a reportagem, em novembro de 2020, outro diretor da Hapvida da Bahia, identificado como Eric Morais, enviou uma planilha que trazia a incidência da recomendação do kit Covid em cada hospital do grupo. “Preciso muito do apoio de todos vocês porque todas unidades ainda estão abaixo da meta”, teria alertado o diretor em mensagem enviada ao grupo.

Em dezembro passado, ele voltou a insistir: “Para aqueles que tem como suspeita principal o Covid SEMPRE disponibilizem o kit Covid!”

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) notificou extrajudicialmente a Hapvida e a Prevent Senior pelo uso de cloroquina e outros medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.

Segundo a entidade, as operadoras contrariam as recomendações de órgãos nacionais e internacionais. Desde julho de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vinha mostrando por meio de estudos que a cloroquina não tinha nenhum efeito no tratamento da Covid-19 e passou a não recomendá-la.

Outro lado

Procurada pelo Metrópoles, a Hapvida afirmou, em nota, que, “no passado, havia um entendimento de que a hidroxicloroquina poderia trazer benefícios aos pacientes”. “Houve uma adesão relevante da nossa rede, que nunca correspondeu à maioria das prescrições, no melhor intuito de oferecer todas as possibilidades aos nossos usuários”.

A operadora destacou ainda que a adoção da hidroxicloroquina foi “sendo reduzida de forma constante e acentuada”. “Hoje, a instituição não sugere o uso desse medicamento, por não haver comprovação científica de sua efetividade. Mas segue respeitando a autonomia e a soberania médica para determinar as melhores práticas para cada caso, de acordo com cada paciente”, disse.

“Desde o primeiro momento, o Hapvida defende e promove a vacinação, o uso de máscaras e as práticas de distanciamento social”, acrescentou.

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