Meirelles: Previdência é reforma importante e com efeitos em décadas
Apesar das explicações, levantamentos apontam que placar na Câmara dos Deputados ainda segue contrário à reforma
atualizado
Compartilhar notícia
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira (17/4), que a reforma da Previdência é a mais importante das mudanças pretendidas e terá efeito “em décadas”. O ministro destacou ainda que a discussão sobre a proposta está “mal focada”, pois não se trata de opor os defensores da reforma e aqueles que querem preservar direitos. “Não é isso. A questão é que trajetória dos gastos da Previdência é insustentável”, afirmou.
Meirelles destacou que, de 1991 a 2016, as despesas primárias saltaram de 10,8% a 19,7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Houve crescimento sistemático de despesas primárias, com aceleração muito forte, sim, nos últimos períodos do governo anterior. A trajetória do gasto do governo é insustentável”, afirmou o ministro, no dia no qual participa de seminário sobre a reforma da Previdência promovido pelo jornal Valor Econômico.
Após apresentar esses dados, Meirelles voltou a destacar que a reforma é fundamental e lembrou que, diante de uma trajetória de crescimento tão acelerado dos gastos, há consequências importantes para a economia. “Evidentemente agentes econômicos não esperam, eles se antecipam à aceleração”, afirmou.
“Isso começou a se configurar nesses últimos anos, a partir dessa aceleração. A partir de 2011, na medida em que aceleração levou à trajetória insustentável, entramos na maior recessão da história do país”, destacou o ministro. Ele ressaltou, no entanto, que o governo atual já conseguiu reverter parte desses efeitos. “Evidentemente já começamos a sair dela recessão, felizmente.”
Meirelles disse ainda que o resultado da Previdência rural é estruturalmente negativo, com trajetória crescente de déficit no período recente, chegando a 2016 com um rombo de R$ 103,4 bilhões. A Previdência urbana, por sua vez, chegou a ter números positivos em alguns anos, mas mostrou um resultado negativo no ano passado.
No caso da Seguridade Social, que inclui despesas com Previdência, saúde e assistência, o déficit foi de R$ 258,7 bilhões no ano passado, rombo R$ 92,2 bilhões a mais do que em 2015.
Placar da Previdência
A atualização do Placar da Previdência, levantamento realizado pelo Grupo Estado com deputados a respeito de reforma que tramita na Câmara, mostra que o número de parlamentares contrários à proposta continua em 275, enquanto o dos que são a favor, foi mantido em 101. Na manhã desta segunda-feira (17), havia 35 indecisos; 64 não quiseram responder; 36 não foram encontrados, e um disse que deve se abster.
O levantamento também mostrou que 71 deputados são a favor, mas com alteração da idade mínima para mulheres e 55 apoiam as mudanças mas com alteração da idade mínima para homens.
Além disso, 76 são favoráveis, mas com criação de uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos, e 78 defendem a retirada da exigência de 49 anos de contribuição para ter o direito de benefício integral.