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(M)dados: Bolsonaro nomeou ao menos 660 filiados do Centrão

MDB, DEM e Cidadania lideram em número de indicações, ocupando pelo menos 422 postos. Ex-partido do presidente, o PSL tem apenas 44

atualizado

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ISAC NÓBREGA/PR
Maia e Bolsonaro
1 de 1 Maia e Bolsonaro - Foto: ISAC NÓBREGA/PR

O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou pelo menos 661 filiados a partidos do Centrão para cargos comissionados na administração federal.

Na dianteira das indicações, segundo levantamento do (M)dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, está o MDB, com 147 postos. O DEM aparece na segunda colocação, com 139 indicações. Em seguida está o Cidadania, com 136. Em comparação, o hoje ex-partido do presidente, o PSL, tem 44 filiados ocupando postos no governo.

O Ministério da Economia lidera a lista de pastas com mais indicados – 94; seguido pela Presidência, com 84; e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com 82. Os cargos envolvem postos tanto em Brasília quanto nos estados.

Desde a campanha, o presidente vinha adotando retórica contrária às negociações por indicações partidárias – tendo sofrido derrotas no Congresso ao longo do ano, entretanto, Bolsonaro acabou convencido a negociar.

Mas se ele não abriu espaço para os partidos no início do governo, o fez, contudo, para as bancadas temáticas, das quais alguns de seus ministros fazem parte. É o caso da Agricultura, comandada por Tereza Cristina, que já, inclusive, liderou a bancada ruralista. Mesma situação da Saúde, que tem Luiz Henrique Mandetta à frente. Cabe lembrar que ainda há um terceiro ministro do DEM, Onyx Lorenzoni, da Casa Civil.

É de Tereza, por exemplo a indicação do ex-deputado Valdir Colatto (MDB-SC), que não conseguiu a reeleição e foi nomeado diretor do Serviço Florestal Brasileiro. Filha dele, Andreza Winckler Colatto ocupa a coordenação-geral de Fomento do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

A maioria absoluta das nomeações feitas até agora, 639, são para cargos de direção e assessoramento superior, os chamados DAS. Nessa faixa, os salários variam entre R$ 2,7 mil e R$ 16,9 mil.

Também há, no levantamento, pessoas nomeadas para atuar com ex-presidentes. É o caso, por exemplo, de Arlon Viana Lima, aliado do ex-presidente Michel Temer no diretório paulista do MDB. Ele é assessor especial da Presidência da República. Mesma situação do capitão Valmir Moraes da Silva, segurança de Lula (PT) – ele, contudo, é filiado ao DEM.

Entre as indicações do PSL está, por exemplo, o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Distrito Federal, Saulo Santos Diniz. Indicado pela deputada federal Bia Kicis (PSL), ele é empresário do ramo automotivo e nunca havia trabalhado com patrimônio histórico ou cultura. Em novembro deste ano, após a nomeação, Saulo cancelou o registro no partido.

Outro membro do PSL a ocupar cargo no governo é o tesoureiro do partido em São Paulo, Victor Sarfatis Metta, que ocupa uma assessoria especial no Ministério da Educação (MEC).

Embora exista desde a Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1988, ainda no governo José Sarney (MDB), o chamado Centrão reúne, atualmente, DEM, MDB, PTB, PP, PSD, PL, PR, Pros, Podemos, Republicanos, Solidariedade e Avante.

Cabe ressaltar que o levantamento considerou os nomes registrados nas folhas salariais do governo federal em outubro, cruzadas com a de filiados políticos. Assim, por risco de inconsistências em casos de homônimos, o (M)dados excluiu nomes que aparecem nas listas de filiados de mais de um partido.

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