Manifestações levaram pelo menos 3,6 milhões de pessoas para as ruas neste domingo (13/3)
Segundo organizadores do movimento, número correto beira os 6,6 milhões. Protesto colocou mais combustível no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na avaliação do próprio Palácio do Planalto
atualizado
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O Palácio do Planalto tem motivos para se preocupar. Pelo menos 3,6 milhões de brasileiros, segundo dados oficiais, foram às ruas neste domingo (13/3) manifestar descontentamento contra o governo e apoio às investigações da operação Lava Jato. Considerando o número contabilizado pelos organizadores, o volume de manifestantes dobra e chega a 6,6 milhões.
A força do movimento democrático e pacífico colocou mais combustível no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dados são do G1, que acompanhou os protestos em 261 cidades brasileiras.
O protesto é considerado o maior da história do país, segundo historiadores e a Polícia Militar. Superou o Diretas Já (movimento contra o fim da ditadura entre os anos de 1983 e 1984) e o as manifestações de junho de 2013, contra o aumento das passagens. Em março de 2015 – quando foi registrado o maior protesto contra o governo Dilma – o número de manifestantes foi de 2,4 milhões de pessoas em todo o Brasil. Na época, os organizadores calcularam 3 milhões.
O ex-presidente Lula, alvo da operação Lava Jato, não escapou da ira dos manifestantes. Mas sobrou para a oposição também. O governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves, ambos do PSDB, foram hostilizados. Alckmin por causa das denúncias envolvendo a merenda escolar em São Paulo, e Aécio pela citação ao seu nome por delatores da Lava Jato.
Na capital do país
Brasília registrou um número recorde para os protestos contra Dilma já realizados na cidade. Foram 100 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios de acordo com a Polícia Militar e 200 mil pelos cálculos dos organizadores. A concentração do movimento teve início às 9h no Museu da República. Por volta das 10h30, as pessoas começaram a se encaminhar para frente do Congresso Nacional, onde cantaram o Hino Nacional, pediram a saída dos petistas do poder e aplaudiram as operações da Lava Jato. Desta vez, não houve clamores por intervenção militar.
Pouco depois das 12h30 as pessoas começaram a se dispersar. A PM registrou apenas uma ocorrência de furto de celular. Segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), 65 motoristas foram autuados por estacionamento irregular e um veículo foi removido por impedir a circulação.
Em São Paulo, uma multidão pró-impeachment tomou a Avenida Paulista. De acordo com a Polícia Militar, 1,4 milhão ocuparam os dois quilômetros da avenida. Em Recife e em Vitória (ES), a PM contabilizou 120 mil pessoas. Confira a lista completa com os dados parciais no site do G1.
A repercussão das manifestações chegou ao Palácio do Planalto. Dilma Rousseff se reuniu com aliados no fim da tarde deste domingo. Em conversas reservadas, interlocutores de Dilma dizem que é preciso um pacto nacional para sair da crise, mas ainda não conseguem definir os próximos passos.
Um dos principais personagens do dia, o juiz federal Sérgio Moro enviou uma nota para o blog da jornalista Cristiana Lobo na qual diz que se sentiu tocado pelo apoio dado pela população às investigações da Lava Jato. O juiz disse ainda que “não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como país”.
Nota oficial
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República divulgou nota no final do dia afirmando que “a liberdade de manifestação é própria das democracias” e deve ser respeitada por todos.
“O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições”, diz a nota da Secom.
O texto foi divulgado após reunião da presidenta Dilma Rousseff com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, no Palácio da Alvorada, para avaliar as manifestações.