metropoles.com

Mandetta pede calma, mas não endossa discurso de Bolsonaro

Pronunciamento de Bolsonaro deixou autoridades da Saúde e gestores de estados e municípios perplexos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/ Metrópoles
Ministro da Saúde durante coletiva sobre o coronavírus
1 de 1 Ministro da Saúde durante coletiva sobre o coronavírus - Foto: Igo Estrela/ Metrópoles

O governo não considera neste momento demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mas diante da pressão da classe médica, governadores do DEM, aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmam que é imprevisível a decisão que o chefe da pasta poderá tomar.

Mandetta esteve no Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira (25/03). Ele participou de reunião com Bolsonaro, ministros e governadores do Sudeste horas após o presidente afirmar que cobraria do Ministério da Saúde regras mais brandas sobre o isolamento contra a Covid-19, que se restringiriam apenas a grupos de risco – idosos e pessoas com doenças crônicas.

Na reunião, Mandetta pediu calma e equilíbrio aos governadores, mas não chegou a endossar o discurso do presidente, segundo pessoas presentes.

Para aliados do ministro, ele não deve pedir demissão. A estratégia de Mandetta deve ser “sair pela tangente”, tentando apresentar dados sobre locais que desistiram de medidas mais flexíveis para conter a crise, como o Reino Unido. O ministro, no entanto, já teria demonstrado cansaço pela queda de braço com Bolsonaro.

Segundo fontes que estão na linha de frente das discussões sobre o combate à Covid-19 no governo, há grande preocupação sobre o impacto econômico de medidas mais restritivas, o que teria levado Bolsonaro a pensar em alternativas menos duras. Ainda assim, também é reconhecido no Palácio do Planalto que a saída de Mandetta geraria uma crise na hora errada. “Não se tira o general durante uma batalha”, disse um integrante do governo.

Por ora, a leitura é a de que mesmo se o governo adotar o “isolamento vertical”, a medida terá que ser posta com muito cuidado e forte estratégia de comunicação.

O pronunciamento de Bolsonaro em rede nacional de TV, nessa terça-feira (24/03), deixou autoridades da saúde e gestores de estados e municípios perplexos. Aliado de primeira viagem do presidente, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse, nesta quarta-feira, 25, que as decisões de Bolsonaro não vão “alcançar” seu estado.

“Quero deixar claro a todos os senhores e senhoras, a todo o meu povo goiano, com muita tranquilidade, mas com autoridade de governador e com o juramento de médico, que não abro mão dele, que as decisões do presidente da República no que dizem respeito à área de Saúde e ao coronavírus não alcançam o estado de Goiás. As decisões de Goiás serão tomadas por mim e por decisões lavradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo corpo técnico do Ministério da Saúde.”

Primo de Mandetta, o deputado federal Fabio Trad (PSD-MS) defendeu que o ministro mantenha o discurso, mesmo que lhe custe a demissão do governo. “Ele fez um juramento ao se formar, pela ciência e não pela politicagem. Entre Hipócrates e Bolsonaro, pela integridade intelectual de Mandetta, tem de ficar com Hipócrates”, afirmou o deputado ao jornal O Estado de S. Paulo.

Dentro do DEM, há forte pressão para Mandetta não aderir ao discurso de Bolsonaro. Entre outras razões, porque haveria desgaste político de governadores e prefeitos que estão seguindo essas orientações.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?