Conselho de Ética determina quarentena remunerada de 6 meses a Mandetta
Ex-ministro da Saúde fez consulta à Presidência após receber convites para prestar consultoria ao seu partido. Para ele, decisão é “burrice”
atualizado
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O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ficará em quarentena remunerada por seis meses antes de poder assumir atividades no setor privado, segundo decisão da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Nesta terça-feira (26/05), o colegiado definiu que o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro seguirá recebendo o salário de R$ 31 mil a que tinha direito como ministro, mas não poderá ser contratado por empresas.
Na prática, Mandetta fica em quarentena porque, na condição de ministro da Saúde, teria tido acesso a “informações privilegiadas”. A consulta sobre a possibilidade de atuar na iniciativa privada partiu do próprio ex-ministro, após receber proposta do seu partido, o DEM, para assumir cargo de consultor.
Ao Metrópoles, o ex-ministro afirmou que ainda não tem detalhes das restrições a que ficará exposto e que ainda aguarda a comunicação formal da decisão.
“Nunca houve na história do Ministério da Saúde quarentena nesses termos. Acho uma burrice. Se eu fosse trabalhar na indústria farmacêutica, por exemplo, que poderia contratar com o poder público, tudo bem; mas são consultorias”, criticou.
Além da proposta do DEM, Mandetta contou ter recebido mais de 100 pedidos de consultoria para projetos de lei e mais de 40 propostas de entidades e empresas para elaboração de um plano de enfrentamento ao coronavírus.
“Fui procurado por shoppings, times de futebol, gente que quer reabrir casas de show… eles querem saber como se elabora plano de biossegurança, como adaptar o ambiente de trabalho”, afirmou.
Mandetta conta que, desde que saiu da pasta, vem ajudando “informalmente”, e que aguardava a posição formal da Comissão de Ética para saber como poderá aplicar a experiência que teve no comando do ministério durante a pandemia.
Mandetta foi demitido do ministério em abril, após desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto à política de contenção do novo coronavírus, especialmente quanto à política de isolamento geral.