metropoles.com

Maior da história, bancada da bala entrega 75% dos votos a Bolsonaro

Frente Parlamentar da Segurança Pública conta com 308 dos 513 deputados na Câmara federal e pode ajudar – ou atrapalhar – muito o governo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: null

A onda de popularidade que levou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) à vitória nas últimas eleições beneficiou também candidatos a deputado e a senador que se identificam com as pautas da segurança pública. No atual Congresso, a frente parlamentar conhecida como “bancada da bala” atingiu o seu maior número da história, pulando de um grupo que não chegava a 100 parlamentares para 308 representantes – e se estendeu ao Senado, onde conta com 13 membros (não havia nenhum na última legislatura).

Coesa apesar de unir 22 partidos (incluindo de esquerda, como PT e PSol), a Frente Parlamentar da Segurança Pública mostra fidelidade ao governo: os deputados filiados ao grupo entregaram os votos que o governo orientou em 75% dos casos desde o início do ano. A adesão, porém, não é automática e pode até se virar contra o Palácio do Planalto em temas importantes, como o debate sobre a reforma da Previdência dos militares.

A fidelidade de 75% foi apurada pelo (M)Dados, núcleo de análise de grandes quantidades de informações do Metrópoles, nas 227 votações que ocorreram na Câmara federal desde o início da legislatura. A “desobediência”, ou seja, o voto contrário àquele que foi orientado pelo governo, é baixa na bancada da bala, de apenas 8,11%. Nos outros 16,89% dos casos, os parlamentares estiveram ausentes das votações – o que também prejudica os objetivos do governo nas votações.

Legendas mais alinhadas com a esquerda têm, claro, índice maior de “desobediência” à gestão bolsonarista. Por exemplo, o PT (90% dos votos contra a orientação do governo) e o PDT (70% contra). O peso dessas siglas, porém, não é grande, porque são partidos com poucos integrantes na bancada. Na ala governista, óbvio, a fidelidade é bem maior. O PSL, que tem quase toda a bancada dentro da Frente Parlamentar da Segurança Pública, o índice de “traição” foi de apenas 2%.

Não é apenas a esquerda, porém, que responde pelo índice de desobediência dessa frente parlamentar. Logo no início da legislatura, em fevereiro, a Câmara dos Deputados revogou decreto do governo que alterava a Lei de Acesso à Informação, dando a mais servidores o poder de decretar sigilo em dados e documentos públicos. Na votação que deu à Casa a oportunidade de derrubar o decreto, apenas 4 representantes da bancada da bala votaram seguindo a orientação do governo. Entre os demais, houve 256 desobediências, 45 ausências e 3 abstenções – o que resultou em derrota do governo.

E essa perda não se tratou – apenas – de um problema de articulação de início de gestão. Quando o governo editou, no fim de agosto, decreto para aumentar a cota de importação de etanol de milho dos Estados Unidos com isenção tarifária, os integrantes da bancada da bala entregaram 174 votos (56% do grupo) ao requerimento que pedia urgência para sustar os efeitos da medida. Outros 50 componentes da bancada faltaram à votação –  novo revés do governo.

Nova era
A união do grupo contra as demandas governamentais aponta para dificuldades na aprovação de pautas que não sejam do interesse direto desses parlamentares, como é o caso de uma reforma previdenciária para militares.

“O governo pode perder. Essa é uma consequência do tipo de relacionamento que o presidente Bolsonaro se propôs a ter com o Parlamento”, avalia o cientista político Lucas de Aragão, professor da Fundação Getulio Vargas e membro da consultoria Arko Advice.

“A aposta nas bancadas temáticas trouxe alguns frutos, sem a segurança que houve em outros momentos da história republicana, mas não é uma situação dramática, na qual o Congresso tenha virado as costas ao governo”, completa o especialista. O docente da FGV diz não acreditar que tais derrotas, bem como as vindouras, farão o governo lotear cargos e verbas. “A relação melhorou no sentido que você não tem mais o presidente ou os filhos atacando diretamente o Legislativo e seus dirigentes, como chegou a ocorrer. Mas teremos mesmo que aceitar que esse é um governo de conflito e que o Parlamento também gostou da independência e não vai voltar a abaixar a cabeça para as pautas que chegam do Planalto.”

As bancadas temáticas
Com esta reportagem, o Metrópoles completa o teste de fidelidade nas três bancadas temáticas com maior identificação com a gestão Bolsonaro, popularmente conhecidas como bancadas da bala, do boi e da bíblia. A fidelidade da Frente Parlamentar da Segurança Pública, de 75%, é alta, mas ainda fica abaixo dos 80% registrados pela Frente Parlamentar Evangélica. A menos fiel nesse levantamento – que levou em conta todas as votações ocorridas no ano – foi a Frente Parlamentar da Agropecuária: os ruralistas traíram o governo em 45% das votações.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?