Maia sobre ataque a jornalista em CPI: “Falso testemunho é crime”
Ex-funcionário de empresa de marketing digital insultou repórter da Folha de S.Paulo ao depor na CPMI das Fake News, no Congresso
atualizado
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), condenou a fala do ex-funcionário de uma empresa de marketing digital que, em depoimento à CPMI das Fake News no Congresso, acusou uma jornalista da Folha de S.Paulo de ter se insinuado sexualmente a ele em troca de informações. O depoente, Hans River do Nascimento, foi convocado para falar sobre a disseminação de notícias falsas durante a eleição de 2018, mas usou a palavra para insultar a repórter Patrícia Campos Mello, autora de reportagem sobre o tema publicada pelo jornal paulistano em 2018.
“Atacar a imprensa com acusações falsas de caráter sexual é baixaria com características de difamação”, disparou Maia, em postagem no Twitter na tarde desta quarta-feira (12/02/2020), um dia após o depoimento. Veja a mensagem completa:
Dar falso testemunho numa comissão do Congresso é crime. Atacar a imprensa com acusações falsas de caráter sexual é baixaria com características de difamação. Falso testemunho, difamação e sexismo têm de ser punidos no rigor da lei.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) February 12, 2020
Nascimento, que trabalhou na empresa de marketing Yacows, foi entrevistado pela jornalista em novembro de 2018 e teria repassado informações sobre o disparo em massa de mensagens de campanhas políticas pelo aplicativo WhatsApp. Antes da publicação da reportagem, porém, ele teria entrado em contato e pedido a Patrícia para não usar o material que ele havia divulgado.
No Congresso, o depoente insinuou mais de uma vez que a repórter teria oferecido sexo em troca de informações. “Quando eu cheguei na Folha de S.Paulo, quando ela [repórter] escutou a negativa [desistência de passar informações], o distrato que eu dei e deixei claro que não fazia parte do meu interesse, a pessoa querer um determinado tipo de matéria a troco de sexo, que não era a minha intenção, que a minha intenção era ser ouvido a respeito do meu livro”, disse ele.
Mais ataques
A fala de Nascimento serviu para alguns deputados também atacarem o jornal e a jornalista. “Eu não duvido que a senhora Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, possa ter se insinuado sexualmente, como disse o senhor Hans, em troca de informações para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro”, disse o deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, no plenário da CPMI. Ele também usou as redes sociais para repercutir o tema.
Em resposta, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) criticou o parlamentar. “É assustador que um agente público use seu canal de comunicação para atacar jornalistas cujas reportagens trazem informações que o desagradam, sobretudo apelando ao machismo e à misoginia”, diz nota da entidade.
A Folha publicou reportagem desmentindo as acusações de Hans do Nascimento.