Maia ameniza ausência de Guedes na CCJ: “A gente encontra outra data”
Presidente da Câmara também delimitou seu espaço e disse apoiar uma reforma: “No meu quadrado, todo meu apoio à reforma da Previdência”
atualizado
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, nesta terça-feira (26/3), que entendeu a postura do ministro da Economia, Paulo Guedes, de não comparecer ao debate sobre a questão da Previdência que seria realizada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em um tom ameno, Maia disse que havia se comprometido com o ministro em acompanha-lo até o colegiado para demonstrar apoio à reforma.
“Eu disse que estaria com ele na CCJ, que o receberia, mas eu não posso ficar debatendo matéria na CCJ. Meu limite era recebê-lo e ir com ele mostrar meu apoio a ele e à proposta dele”, contou o presidente.
Maia voltou a dizer que a reforma da Previdência terá todo o apoio na Câmara, a qual ele se referiu como “meu quadrado”, delimitando seu espaço de poder. “No meu quadrado, todo meu apoio à tramitação e à aprovação da reforma da Previdência”, declarou.
O presidente da Câmara buscou amenizar o desgaste pela ausência do ministro. “Nós entendemos. Eu, pessoalmente, entendo que ainda tem tempo para esse debate”, disse Maia.
“Eu disse a ele: ministro, o senhor já deu demonstrações de que respeita o Parlamento brasileiro. Se sua decisão for essa, eu vou conversar com os líderes partidários para ver se a gente encontra uma outra data para que você possa comparecer”, contou Maia.
Segundo o presidente da Casa, a desistência do ministro não deveria atrapalhar a escolha do relator na CCJ. Maia acredita ainda que um nome do próprio partido do presidente poderia ser indicado para facilitar a tramitação inicial. “É o partido do presidente, terá melhores condições de dialogar com o líder do governo, com o partido do governo”, defendeu.
“Acho que o presidente da CCJ podia indicar o relator e, antes de votar, construir com o ministro Paulo Guedes a possibilidade de vir e ser recebido por todos nós”.
Articulação de aliados
Rodrigo Maia disse que apoia a iniciativa de partidos aliados de retirar do texto da reforma as mudanças referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural. Para o político, trata-se de uma “boa iniciativa” para que o discurso do governo de taxar quem ganha mais esteja alinhado com a realidade.
“Acho uma boa iniciativa dos outros partidos. Acho que os dois temas têm mais atrapalhado que ajudado a discussão da reforma da Previdência. O BPC e a aposentadoria rural não são, do ponto de vista fiscal, o principal problema. Mas, do ponto de vista de atingir as pessoas que mais precisão, são pontos que estão prejudicando mais o projeto. Fica parecendo que o discurso é diferente do que está escrito”, considerou o presidente da Câmara.
Paralelamente o presidente da Câmara está no meio de uma articulação que promete trazer de volta à tribuna a proposta de reforma da Previdência do governo de Michel Temer.
Desistência
O ministro da Economia, Paulo Guedes, desistiu de apresentar aos deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara a proposta que define novas regras para a Previdência. Ele era esperado pelo colegiado nesta terça-feira (26), na parte da tarde. A ida do ministro à Casa seria uma demonstração do governo de atenção com os deputados.
De acordo com nota divulgada pela assessoria de imprensa, “a ida do ministro da Economia à CCJ será mais produtiva a partir da definição do relator”, informou. Até o momento, os congressistas ainda não definiram quem será o relator da reforma. Houve um movimento na direção do deputado Eduardo Cury (PSDB-SP) assumir a relatoria, mas houve recuo por parte do governo.