Maia afirma que articulação da Previdência é competência de Bolsonaro
Nesta semana, o presidente da Câmara dos Deputados chegou a alegar que deixaria as articulações da proposta no Congresso
atualizado
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Com uma experiência adquirida em três mandatos na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é avaliado pelos pares como um grande articulador da reforma da Previdência. No entanto, ele tem sinalizado que vai esperar o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), assumir a coordenação da apreciação da proposta, garantindo os votos necessários à aprovação da reformulação das regras de aposentadorias para os brasileiros civis e militares.
“Vou pautar [a reforma] quando o presidente disser que tem votos para votar. A responsabilidade do diálogo com os deputados daqui para frente passa a ser do governo”, declarou Maia nesta sexta-feira (22/3). Pouco depois de a frase repercutir na mídia e no meio político, o democrata postou no Twitter que não era sua intenção abandonar a defesa do projeto no Congresso Nacional.
Nunca vou deixar de defender a reforma da Previdência.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 22, 2019
As relações entre o presidente da Câmara e integrantes do governo Bolsonaro estremecem aos poucos. Nesta semana, alguns episódios envolvendo Rodrigo Maia; o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e um dos filhos parlamentares do presidente da República – neste caso, o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC) – azedaram ainda mais a situação.
A declaração de Maia de que deixaria a articulação da reforma para Bolsonaro veio após o democrata discutir publicamente com Moro sobre o andamento do pacote anticrime que o ministro deseja aprovar nos próximos dias. Para o ex-juiz federal responsável pela Operação Lava Jato, Maia está postergando o início da tramitação do projeto, que endurece o combate ao crime organizado e à corrupção.
A pressão do ministro irritou Rodrigo Maia. Ele afirmou que Moro é “funcionário” do presidente e não entende de política. Disse, ainda, que qualquer conversa nesse sentido tem de partir do capitão e não de Moro.
Sogro foi preso
O problema com o ministro da Justiça também teria se agravado nessa quinta (21), quando o sogro de Rodrigo Maia, o ex-ministro Moreira Franco (MDB), foi preso durante a operação da Polícia Federal que também colocou atrás das grades o ex-presidente Michel Temer. Moro teria sido informado da operação antes da força-tarefa entrar em ação. Há quem diga que os mandados de prisão expedidos, incluindo o de Moreira Franco, tenham sido uma retaliação do ministro.
Não ajudou comentário postado pelo filho vereador do atual mandatário do país sobre a rusga entre Maia e Moro. No meio do disse-me-disse, Carlos Bolsonaro replicou notícias e postagens em redes sociais favoráveis a Sergio Moro. E publicou em seu Instagram: “Por que o presidente da Câmara anda tão nervoso?”.
O presidente da Câmara dos Deputados não escondeu sua insatisfação. Ele teria telefonado para o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando que iria abrir mão da articulação da reforma da Previdência. Depois, declarações neste sentido começaram a aparecer e repercutir na imprensa e redes sociais de políticos – tanto governistas quanto da oposição.
Ainda nesta tarde, outro filho parlamentar do presidente se manifestou sobre o caso. Agora foi a vez do senador Flávio Bolsonaro (PSL), que tentou amenizar a situação. Ele afirmou que a única batalha que deve ser aberta nesse momento é a da aprovação da reforma da Previdência.
A governabilidade durante os 4 anos de governo está diretamente ligada à aprovação da Nova Previdência. Essa é a única frente de batalha que deve ser aberta no momento, todas as outras atrapalham o Brasil.
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) March 22, 2019