Mãe de Hang teve certidão de óbito alterada pela Prevent, diz CPI
Segundo o relator da CPI, empresário bolsonarista teria pedido que a operadora mudasse a causa da morte da mãe, supostamente vítima da Covid
atualizado
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Dossiê de médicos e ex-funcionários da Prevent Senior entregue à CPI da Covid-19 relata que pacientes vítimas de complicações causadas pelo novo coronavírus tiveram certidões de óbito supostamente adulteradas para mascarar mortes pela doença. A operadora é acusada de adotar o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 no tratamento de clientes da empresa.
Entre as pessoas cuja causa de morte foi possivelmente fraudada, estão o pediatra Anthony Wong e Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang. A informação foi trazida por senadores que integram comissão, nesta quarta-feira (22/9), durante o depoimento do médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor executivo da Prevent Senior.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou Hang de “desalmado” por, segundo o senador, ter solicitado que a causa do óbito de Regina Hang fosse adulterada. “Desalmado, manda esconder a causa da morte da própria mãe”, disparou o parlamentar na oitiva.
Segundo o senador Rogério Carvalho (PT-SE), pacientes da operadora foram medicados com o chamado kit Covid, mesmo sem terem sido infectados pelo novo coronavírus. “Tenho aqui a mensagem de uma pessoa com gripe que recebeu kit de tratamento precoce sem diagnóstico. O senhor está mentindo”, disse o petista ao depoente.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Benedito não está colaborando com o depoimento. “Não está falando nada, está enrolando e enrolando”, criticou.
O senador governista Jorginho Mello (PL-SC), por sua vez, saiu em defesa de Hang. “O empresário Luciano Hang não pode ser atacado aqui. Não está presente aqui para se defender. É um empresário sério”, alegou. Questionado por Aziz sobre se “levaria sua mãe para a Prevent Senior”, Mello respondeu: “Não”.
Apesar do material apresentado pela CPI, Benedito refutou todas as denúncias e argumentou que ex-médicos da empresa teriam alterado informações sobre acompanhamento de pacientes. O depoente também negou relação com o suposto gabinete paralelo junto ao governo federal e a distribuição do kit Covid.