Luto e lutarei em todas as instâncias, diz Dilma sobre impeachment
Em evento no Palácio do Planalto na manhã desta quarta (4/5), a presidente firmou que usará todos os recursos disponíveis contra o seu impedimento
atualizado
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A presidente Dilma Rousseff usou mais um evento no Palácio do Planalto para fazer a defesa do seu mandato e afirmou que usará todos os recursos disponíveis contra o impeachment. “Luto e lutarei em todas as instâncias e com todos os instrumentos possíveis (contra o impeachment)”, afirmou, ressaltando que o processo é “fraudulento”.
Dilma aproveitou a cerimônia de lançamento do Plano Safra, no Palácio do Planalto, para justificar as operações de crédito que são base do questionamento do impeachment e afirmou que, “pela lei que disciplina o plano safra, não há qualquer ato ilícito”. “Não há base fática para levantar a execução do Plano Safra como um dos motivos do processo de impeachment”, reforçou.
Segundo a presidente, nas operações de crédito com o Banco do Brasil, que estão apontadas como base de descumprimento da lei de responsabilidade fiscal, “não consta que um atraso de pagamento é um empréstimo”, afirmou, destacando que os recursos usados pela União foram “devidamente pagos”.A presidente sugeriu que, além das razões políticas, os questionamentos com as operações que envolvem o agronegócio podem ser porque “alguns discordam que se faça subvenção econômica para a agricultura”. “E eu tenho imenso orgulho de ter feito esse processo em relação à agricultura.”
Lançado em meio a controvérsias, a cerimônia praticamente não teve a presença de grandes nomes do agronegócio e nem contou com a tradicional claque que tem ocupado o salão nobre nas cerimônias recentes do Planalto. Dilma, inclusive, desceu a rampa interna para o evento em silêncio e sem os ultimamente comuns aplausos e gritos de defesa do seu mandato. Não houve, por exemplo, nenhum grito de “não vai ter golpe” e, durante sua fala, até os aplausos foram raros e tímidos.
Logo no início do seu discurso, Dilma agradeceu o apoio da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, a quem classificou de “íntegra, lutadora e digna” e reiterou as palavras da peemedebista de que a popularidade de fato vai e vem, “mas a integridade, a honradez e a lealdade, quando se perdem, se perdem para sempre.”
Antes do discurso de Dilma, a ministra afirmou que as acusações que constam no processo de impeachment são infundadas e disse que, caso responsabilizem a presidente por conceder crédito ao agronegócio, ela quer ser corresponsável. “Muito me entristece ver as acusações a sua pessoa, de lutarem para tentar tomar o seu mandato”, afirmou. Segundo a ministra, uma das razões que apontam para afastar Dilma é “por ter acreditado na agricultura brasileira”. “Se isso for verdade e se isso se concretizar, quero ser corresponsável nesses atos porque foi eu que disse para investisse na agricultura e teria resposta.”
Balanço
Assim como a ministra, a presidente usou o lançamento do Plano Safra para fazer uma espécie de balanço das suas ações para o setor e o governo tornou possível em seis anos R$ 906 bilhões para investimento e custeio. “A contrapartida disso foi o retorno fantástico de R$ 2 trilhões”, afirmou.
Dilma disse ainda que o Brasil precisa desse suporte à agricultura e agropecuária e que o setor cuida da segurança alimentar, o que é estratégico em qualquer parte do mundo.
A presidente destacou o fato de o governo conseguir ofertar 8% mais crédito nesta safra do que na passada e disse que, com o plano agrícola, “demos passo para fortalecimento e reconhecimento da atividade econômica. “Tenho certeza que a partir dessa safra teremos ainda maiores realizações estruturantes”, afirmou. O Ministério da Agricultura anunciou nesta quarta que o total de crédito destinado ao Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017 será de R$ 202,88 bilhões.
A presidente voltou a culpar o Congresso Nacional por algumas medidas econômicas não terem saído do papel e disse que o governo tem trabalhado para combater o cenário adverso que a economia brasileira enfrenta. “Combatemos com o Plano Safra e com as medidas que ministro Nelson (Barbosa, Fazenda) enviou ao Congresso”, afirmou. “Algumas estão paralisadas desde o início do ano. Várias comissões estão sem funcionar no Congresso; lamentamos até porque sinais de recuperação aparecem, como redução da inflação e saldo da balança comercial.”