Lula: “ser candidato ou não vai depender do que estiver acontecendo em 2018”
O ex-presidente disse que batalhará pela manutenção do “projeto” do governo petista
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a decisão de ser ou não novamente candidato à Presidência vai “depender do que estiver acontecendo em 2018”. “Mas pode ficar certo que ficarei no jogo. No jogo, vou estar de qualquer jeito, ou como titular ou como reserva ou como torcida”, disse durante entrevista a blogueiros na sede do instituto que leva seu nome, em São Paulo.
Como em outras ocasiões, Lula disse que batalhará pela manutenção do “projeto” do governo petista. Segundo ele, a “cidadania” construída nos últimos 13 anos sofreu “arranhões” com a crise, mas vai se recuperar com a vitória do PT.
Só tem uma chance de essa cidadania ser recuperada e é com a manutenção desse projeto, fortalecimento da presidenta Dilma e acerto do governo daqui pra frente
Lula
Questionado sobre movimentos sociais, com postura hoje mais crítica ao governo, Lula disse que é melhor ter movimentos reivindicando do que com postura passiva. Ele disse ser grato aos movimentos, onde nasceu politicamente.
Autocrítica e reconhecendo erros
O ex-presidente reconheceu que o Partido dos Trabalhadores errou e cometeu práticas que condenava, mas afirmou que a legenda tem reconhecido os erros. “O PT, através do presidente Rui Falcão, tem feito autocríticas, inclusive em notas oficiais, apesar do processo de criminalização do partido”, afirmou, ao ser questionado por blogueiros, durante entrevista coletiva na sede do instituto que leva seu nome, em São Paulo.
Segundo ele, o PT precisa “perceber” que não nasceu para ser igual aos partidos trabalhadores, mas para mudar essa lógica.
No começo, fazíamos campanha vendendo de tudo, com voluntários. Hoje, ninguém quer trabalhar de graça, as campanhas foram ficando caras e parecem até filme de Hollywood e, de repente, o partido ficou igual aos outros e pessoas dentro do PT podem ter tido atitudes equivocadas
Lula
Apesar de reconhecer a necessidade da legenda de evitar que seus integrantes cometam ilícitos, Lula avaliou que não há como o PT ou qualquer pessoa “voltar às origens”. O que é possível, segundo ele, é voltar a ter os mesmos compromissos e práticas.
“Quando eu era sindicalista, tomava cachaça às 5h da manhã antes fazer discurso na porta de fábrica para abrir a garganta”, contou. “Eu não quero voltar às origens”, disse, reforçando que o necessário é que o partido se comprometa com seus ideias.
Repúdio contra quem trabalha contra o país
Lula afirmou também que o povo brasileiro precisa “repudiar de forma veemente” quem trabalha contra o país porque essas atitudes não prejudicam empresários ou políticos, mas as pessoas mais necessitadas.
Quando tentam sabotar a Dilma, como muitos tucanos fazem, eles estão retardando qualquer avanço social
Lula
O ex-presidente considerou que o governo precisa pactuar com a base aliada de forma a impedir que “uma minoria paralise o país”. “O Cunha (Eduardo, presidente da Câmara dos Deputados) se presta a criar uma pauta-bomba todo dia”, disse, como exemplo dos entraves políticos enfrentados pelo governo.
Para ilustrar como a população é a mais afetada pelo embate político em Brasília, o petista disse que, quando a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) foi revogada, durante seu governo, o prejudicado não foi ele, mas quem dependia do sistema de saúde pública brasileiro.
De acordo com Lula, a saída para a atual crise não passa exclusivamente pela economia. “É preciso discutir política”, disse, elogiando e demonstrando confiança no trabalho de articulação desempenhado por Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, e Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria de Governo.