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Lula questiona motivo da delação de Joesley Batista

As declarações do ex-presidente ocorreram no contexto em que o ex-presidente defendia o financiamento público para campanhas políticas

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Luiz Inácio Lula da Silva durante evento do PT em Brasília. – Brasília(DF), 24/04/2017
1 de 1 Luiz Inácio Lula da Silva durante evento do PT em Brasília. – Brasília(DF), 24/04/2017 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista a uma revista regional, que ainda não está claro o motivo pelo qual o empresário Joesley Batista, dono da JBS, fez a delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR).

O depoimento de Joesley veio à tona em maio, após a revelação de que o empresário gravou a conversa com o presidente Michel Temer (PMDB), fora da agenda oficial do político, no Palácio do Planalto, em março. O diálogo serviu como um dos indícios que embasam a denúncia por corrupção passiva do procurador-geral Rodrigo Janot contra o peemedebista.

“A palavra mágica agora é propina. Essa delação do Joesley… Ainda não está claro a serviço do que ele fez essa delação. A serviço do que? Só vai saber com o tempo”, indagou Lula à edição de julho da revista Nordeste.

As declarações de Lula ocorreram no contexto em que o ex-presidente defendia o financiamento público para campanhas políticas. O petista criticou a influência do “poder econômico” nas eleições e chegou a dizer que nenhum candidato vendeu carro ou casa para disputar um pleito. “Todos pediam para empresário”, disse.

“Eu fico imaginando como é que você pode preparar um empresário para ir gravar um presidente. Ele se orgulhava de ser o empresário que mais contribuiu em campanha política e transformou a contribuição em propina”, criticou Lula.

Logo após a revelação do áudio, Temer negou às acusações e interlocutores do Palácio do Planalto diziam que Joesley tentava passar a imagem de “bonzinho” e lembravam que foi o PT quem “criou e alimentou o monstro”. Com a série de aportes do BNDES, durante os governos petistas, a JBS se tornou uma das maiores produtoras de carnes do mundo e viu seu faturamento saltar de R$ 4 bilhões para R$ 170 bilhões.

A JBS foi uma das maiores empresas doadoras nas campanhas eleitorais de 2014. Na delação à PGR, Joesley citou contas na Suíça que abasteciam o PT. O valor chegou a R$ 300 milhões. À época, o PT, Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT) rebateram o empresário e negaram ter dinheiro no exterior.

Lava Jato
Na entrevista, Lula voltou a criticar o comportamento dos procuradores da Lava Jato, que, segundo o ex-presidente, fazem “pirotecnia”. “Fui prestar depoimento e eles não tinham nada, ou seja, eles passaram a viver da pirotecnia, viver de fantasia. Eu lamento profundamente porque esse comportamento dos procuradores depõe contra a instituição que é muito séria.”

Lula se referiu ao depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro. O ex-presidente é réu na Lava Jato e um dos processos está em fase final. Trata-se do tríplex do Guarujá, em São Paulo. A defesa de Lula já apresentou as alegações finais, que é o último passo antes da decisão de Moro.

O ex-presidente disse que é preciso mais do que delações para condenar qualquer suspeito e citou o caso do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba. “Teve a soltura negada após absolvição. O que o juiz fala? Delação por si só não é prova.”

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