Lula pede cassação de Eduardo Bolsonaro por dossiê antifa enviado aos EUA
“Esse menino deveria ser denunciado e cassado”, escreveu o ex-presidente da República, em uma rede social
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã desta terça-feira (11/8) que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deve ser denunciado e cassado por ter enviado um dossiê com dados de antifascistas à embaixada dos EUA.
“Hoje leio nos jornais que o filho do Bolsonaro foi entregar o nome de mil brasileiros antifascistas para o governo dos EUA. Esse menino deveria ser denunciado e cassado”, escreveu Lula, em uma rede social. Confira a publicação:
Hoje leio nos jornais que o filho do Bolsonaro foi entregar o nome de mil brasileiros antifascistas para o governo dos EUA. Esse menino deveria ser denunciado e cassado.
— Lula (@LulaOficial) August 11, 2020
O deputado estadual Douglas Garcia (PTB-SP) anunciou ter compilado o dossiê com nomes dos antifascistas que organizaram manifestações em maio deste ano a favor da democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em depoimento revelado pelo portal colunista Rogério Gentile, no UOL, e confirmado pelo Metrópoles, o deputado estadual disse que o filho Zero Três do presidente Jair Bolsonaro foi quem entregou a cópia do dossiê à embaixada americana.
A participação de Eduardo Bolsonaro na elaboração, contudo, não é de agora. Ao anunciar a elaboração do dossiê, Douglas García informou que o filho do presidente também estava envolvido na ação, assim como o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP).
“Enviamos para a embaixada dos Estados Unidos e alguns consulados para que tenham ciência de um dossiê com os nomes das pessoas em território brasileiro com suspeita de participação e associação ativa nesses grupos [antifas]”, disse.
“Aos antifas, acho que o seu sonho de visitar a Disney, conhecer alguns lugares nos Estados Unidos da América ou comemorar o seu aniversário lá, vai ter que mudar… vai ter que mudar para Cuba, para a China, para a Coreia do Norte”, prosseguiu García.
Nesta segunda-feira (10/8), o próprio deputado usou suas redes sociais para explicar que não se trata de “entregar” o filho do presidente, mas que a informação sobre a entrega do dossiê para a representação norte-americana no Brasil não é segredo e fez parte de uma ação conjunta dele e de Eduardo, que enviou cópias para outros órgãos e para a polícia.
Lista de terroristas
O dossiê não é resultado de investigação oficial. Foi feito informalmente com informações colhidas nas redes sociais. O documento tem 56 laudas e dados pessoais, inclusive fotografias, de quase mil pessoas. O deputado negou à Justiça que tivesse participado da elaboração e da divulgação do dossiê, mas admitiu que o encaminhou para autoridades.
Na semana passada, Garcia foi condenado a indenizar uma mulher que teve seu nome e dados particulares inseridos nessa “lista de terroristas” entregues pelo deputado.
Nesta segunda, o próprio deputado Eduardo Bolsonaro endossou as confirmações feitas pelo deputado Douglas Garcia nas redes sociais, dizendo que veículos de imprensa querem criar intrigas entre os dois.
Ao Metrópoles, a assessoria da Embaixada dos Estados Unidos informou que não tem registro de recebimento de documento listando nomes de supostos antifascistas.