Em posse no BNDES, Mercadante fala de soberania do voto: “Sem anistia”
A cerimônia, que aconteceu no Rio de Janeiro, contou com a presença do presidente Lula, do vice Alckmin e da ex-presidente Dilma Rousseff
atualizado
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Ex-ministro de governos petistas Aloizio Mercadante tomou posse, na manhã desta segunda-feira (6/2), como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A cerimônia, que ocorreu no Rio de Janeiro, conta com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em seu pronunciamento, Mercadante relembrou dos atos terroristas de 8 de janeiro, os quais deixaram destruídas as sedes dos Três Poderes: Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
“Tomo posse em um momento extremamente desafiador, no qual o Brasil sofreu a ameaça mais grave ao Estado de Direito desde o fim da ditadura militar. O respeito à soberania do voto, às instituições democráticas e à Constituição brasileira é uma exigência fundamental para a nova diretoria do BNDES e para toda a sociedade brasileira. Desta vez, presidente, sem anistia!”, disse o presidente da empresa pública.
“Essa dialética entre vários pensamentos, feitos com um debate qualificado e civilizado, contribuiu muito com o sucesso do BNDES. Vamos liderar pelo exemplo! Enquanto estivermos aqui, não haverá perseguição às pessoas e nem censura ao debate”, prometeu Mercadante.
Além de Lula, participaram da cerimônia a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
O vice-presidente Geraldo Alckmin, ao discursar, disse que o Brasil respira um “ar mais leve” e que, ao indicar Mercadante para a presidência do BNDES, Lula “escolheu um dos melhores quadros da política”. “Lula foi buscar um dos melhores quadros da política brasileira, sólida formação acadêmica, experiência legislativa, senador, ministro, estudioso. Tem, acima de tudo, espírito público. Montou uma belíssima equipe!”, enfatizou Alckmin.
“Sentimos um ar mais leve, otimismo. O Brasil vive um bom momento. Voltou e é a bola da vez! Presidente Lula trouxe confiança. Ele falou a campanha inteira em estabilidade, previsibilidade, credibilidade, democracia sempre, ditadura nunca mais! De outro lado o diálogo entre os poderes, níveis de governo, que trás segurança jurídica, fundamental para o investimento no nosso país”, disse o vice-presidente da República.
Também compuseram a mesa: o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas; o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes; e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Países devedores
Ao comentar as críticas que foram proferidas contra o BNDES no passado, o presidente Lula afirmou que é uma “mentira” que o banco “ficava emprestando dinheiro para outros países”. Segundo ele, o caso de Cuba e Venezuela, por exemplo, ocorreu “porque o presidente resolveu cortar relação internacional com esses países e não cobrar, para ficar acusando-os”.
“Tenho certeza de que, no nosso governo, eles vão pagar, porque são todos amigos do Brasil e certamente pagarão a dívida que têm com o BNDES”, concluiu o petista.
Nome aprovado
Coordenador dos Grupos Técnicos de Lula, Mercadante foi escolhido pelo chefe do Executivo para presidir o órgão ainda em dezembro do ano passado, meses após ser eleito. O nome, no entanto, precisou ser aprovado pelo conselho.
Mesmo antes da posse, Mercadante também já havia indicado os diretores escolhidos por ele, que também precisaram passar por aprovação do conselho da empresa pública federal.
O nome do ex-ministro também precisou ser aprovado pelo Tribunal de Contas da União, uma vez que Lula e Alckmin questionaram o tribunal sobre uma possível barreira para a nomeação pela Lei das Estatais.
Em sua exposição, o ministro Vital do Rêgo, que decidiu sobre o caso no dia 10 de janeiro, disse que Mercadante estava apto para assumir o cargo, tendo em vista que ele teria participado apenas de “forma intelectual” da campanha presidencial de Lula.
Quem é Aloízio Mercadante?
Economista de formação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mercadante é filiado ao PT desde 1980. Iniciou sua carreira política em 1991, quando foi eleito deputado federal por São Paulo, pela primeira vez.
Em 2003, foi eleito senador pelo mesmo estado. Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff o escolheu para ser o 16º ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Permaneceu no cargo até 2012, mesmo ano em que se tornou o 46º ministro da Educação.
Ainda durante o governo Dilma, Mercadante foi ministro-chefe da Casa Civil e, mais uma vez, em 2015, ministro da Educação. Deixou o cargo em maio de 2016, cerca de três meses antes de Dilma sofrer impeachment, em agosto daquele ano.