Lula: “Fábricas de fertilizantes foram fechadas por Temer e Bolsonaro”
A contestação do petista se dirigiu à ministra Tereza Cristina, que considerou um “erro do passado” o fim da fabricação dos insumos
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, nesta sexta-feira (4/3), a fala da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que disse que o Brasil cometeu um erro ao deixar de produzir fertilizantes no passado. Lula lembrou, por meio de suas redes sociais, que a decisão de fechar as fábricas de fertilizantes foi tomada no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) e na atual gestão, de Jair Bolsonaro (PL).
Veja:
Foram os governos de Temer e Bolsonaro que erraram, não o Brasil, fechando fábricas de fertilizantes na Bahia, em Sergipe e no Paraná. https://t.co/axjFeyEPfg
— Lula (@LulaOficial) March 4, 2022
A declaração da ministra ocorreu na última quarta-feira (2/3), em entrevista coletiva sobre os efeitos da crise entre Rússia e Ucrânia. O Brasil depende de fertilizante importado da Rússia e a ministra comentava exatamente esse aspecto do impacto na economia.
Segundo ela, a decisão foi tomada em um contexto no qual importar era mais barato do que produzir, e isso se configurou num equívoco ao paralisar a produção nacional de fertilizantes usados na agricultura.
Agora, diante do conflito no Leste Europeu, as importações ficaram comprometidas, num ambiente em que o Brasil não é autossuficiente e que impacta diretamente no preço dos alimentos.
O Brasil hoje importa 85% dos fertilizantes que utiliza, e a Rússia responde por 23% dessas importações.
“Segurança alimentar”
Na entrevista, Tereza Cristina ainda argumentou que a autossuficiência de insumo é uma questão de segurança alimentar e até de segurança nacional.
“Por que tomamos lá no passado a decisão equivocada de não produzir fertilizantes?”, questionou a ministra. “No passado, a decisão era de importar pois era mais barato. Mas o Brasil precisa tratar desse assunto como segurança nacional e segurança alimentar.”
O encerramento das atividades de uma fábrica de fertilizantes da Petrobras, localizada em Araucária, no Paraná, ocorreu em janeiro de 2020. Na época, a gestão da estatal argumentou haver resultados negativos e, por isso, a inviabilidade do negócio. Em 2018, a empresa já havia fechado a fábrica de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE).
Nessa quinta-feira (3/3), Tereza Cristina, ao participar de uma transmissão ao vivo, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), descartou a possibilidade da importação de fertilizantes da Rússia durante a guerra na Ucrânia, devido ao alto preço do produto. Ela reconheceu o impacto dessa medida na agricultura brasileira e previu mais alta dos alimentos.
Diante dessa situação, o presidente anunciou que lançará, ainda neste mês, um programa nacional para estimular a produção brasileira de fertilizantes.
O que ainda não se sabe é se esse programa será eficaz para resolver em curto prazo o problema, sem gerar inflação no preço dos alimentos.
O setor de fertilizantes nacional possui estoques do insumo para apenas mais três meses, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Sanções
Nesta sexta-feira, o Ministério do Comércio e da Indústria da Rússia recomendou que os produtores de fertilizantes do país suspendam temporariamente as exportações do produto.
Essa seria uma forma de reagir às sanções impostas pelos Estados Unidos e por países da Europa devido à invasão da Ucrânia, deflagrada no dia 24 de fevereiro.
A Rússia produz mais de 50 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, 13% do total global, e exporta o produto para países da Ásia e para o Brasil. O país é grande produtor do insumo contendo potássio, fosfato e nitrogênio, fundamentais para a agricultura. Phosagro, Uralchem, Uralkali, Acron e Eurochem são as maiores empresas e exportam para a Ásia e para o Brasil.