Lula em artigo no NYT: “Eu quero democracia, não impunidade”
No texto, o ex-presidente, preso em Curitiba, considera-se preso político e diz que há um “golpe de direita” no Brasil
atualizado
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Em artigo publicado nesta terça-feira (14/8), no New York Times, o ex-presidente Lula volta a fazer a defesa de sua candidatura, destacando ter fé que a justiça prevalecerá e que o tempo está correndo “contra a democracia”.
“Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial. Essas forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a esmagadora evidência de minha inocência e me negaram habeas corpus apenas para tentar me impedir de concorrer à Presidência. Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege seus representantes. Então deixe o povo brasileiro decidir”, diz o texto, escrito da prisão pelo petista.
O artigo foi publicado um dia antes do encerramento do prazo previsto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o registro das candidaturas que irão disputar essas eleições. Por ter sido condenado em segunda instância por um órgão colegiado da Justiça, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Lula está impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.
Contudo, seu partido insiste em manter o seu nome na disputa, tendo como plano B o do ex-prefeito Fernando Haddad e o da ex-presidenciável do PCdoB, Manuela D’Ávila.
Divergência
Na segunda(13/8), em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner alertou sua sigla da necessidade de se colocar logo em campo a estratégia de substituição de Lula, pois o PT não pode esperar “a vida inteira” para expor o ex-prefeito Fernando Haddad.
No artigo que escreveu ao New York Times, sob o título “Eu quero democracia, não impunidade”, o ex-presidente Lula reitera a sua tese de que “há um golpe de direita em andamento no Brasil, mas a justiça prevalecerá”.
Ele lembra que foi o primeiro líder trabalhista a ser eleito presidente do Brasil e que, na ocasião, o mercado financeiro se abalou, mas destaca que o crescimento econômico que se seguiu tranquilizou o mercado.
Lula reitera que o programa que implantou de desenvolvimento do país e de inserção das classes mais pobres foi interrompido pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela sua prisão. “Meu encarceramento foi a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil”, diz Lula no texto.
O ex-presidente teceu ainda críticas à gestão Temer e ao juiz Sérgio Moro, condutor da Lava Jato na primeira instância, dizendo que o magistrado tem sido celebrado pela mídia de direita no Brasil e se tornou intocável.
Ele ainda reiterou que embora esteja na cadeia, “por razões políticas”, está concorrendo à Presidência da República. Lula finaliza o artigo dizendo que não pede para estar acima da lei, mas que deseja um julgamento justo e imparcial. E apesar de dizer que é candidato, reconhece que “o tempo está correndo contra a democracia”.