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Lula e Janja têm jantar com príncipe saudita que deu joias a Bolsonaro

Em 2021, bin Salman presenteou delegação brasileira com joias avaliadas em R$ 5 milhões. Peças foram trazidas ilegalmente ao Brasil

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Presidente eleito Lula caminha em corredor acompanhado de comitiva e em primeiro plano sua mulher, a primeira-dama Janja - Metrópoles
1 de 1 Presidente eleito Lula caminha em corredor acompanhado de comitiva e em primeiro plano sua mulher, a primeira-dama Janja - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Janja da Silva terão, nesta sexta-feira (23/6), um jantar com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud.

O líder é o mesmo que presentou, em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) com joias milionárias. As peças, avaliadas em R$ 5 milhões, foram trazidas ilegalmente ao Brasil. O caso é investigado pela Polícia Federal (relembre abaixo).

A Arábia Saudita vive um regime ditatorial. O príncipe é conhecido por usar medidas violentas para calar seus opositores, inclusive fora do país.

Mohamed bin Salman é acusado por suspeita de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, visto pela última vez com vida dentro da embaixada saudita na Turquia, em 2018. O profissional era crítico ao regime ditatorial da Arábia Saudita. Segundo investigações, o corpo do jornalista teria sido desmembrado. Seus restos mortais nunca foram encontrados.

Agenda na Europa

O jantar oferecido pelo saudita ao presidente Lula faz parte da última agenda do petista na Europa e ocorrerá na residência oficial do Reino da Arábia Saudita em Paris.

Antes de viajar para a França, o brasileiro esteve na Itália, onde se reuniu com lideranças locais, com o presidente do país, Sergio Mattarella, e com o papa Francisco.

Lula desembarcou na França nessa quinta-feira (22/6). Em Paris, ele discursou em um festival de música e defendeu que países ricos financiem a preservação de florestas como a Amazônia.

Nesta sexta, o presidente teve uma reunião bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron. Ele também discursou na Cúpula sobre o Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, e classificou como uma “ameaça” as exigências da União Europeia para a finalização do acordo entre o bloco e o Mercosul.

Em sua fala, Lula ainda criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), criado após a Segunda Guerra para reestruturar as economias de países pós-conflito. Atualmente, a instituição oferece empréstimos a nações em dificuldade financeira.

Para Lula, “aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições [..] não funcionam mais, e não atendem mais as aspirações nem os interesses da sociedade”.

Joias sauditas

Em outubro de 2021, uma comitiva do governo, comandada pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, retornou ao Brasil de uma viagem oficial à Arábia Saudita com joias femininas na bagagem.

Os itens, segundo Albuquerque, foram presentes do governo saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Somadas, as joias chegam ao valor de R$ 5 milhões, segundo perícia da Polícia Federal.

As joias estavam na mochila de um assessor do então ministro. No aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o assessor tentou passar pela alfândega, na fila da Receita Federal de “nada a declarar”. Pela lei, porém, ele deveria declarar os acessórios e pagar taxa de 50% sobre o valor das joias – ou seja, R$ 8,25 milhões.

Como não houve pagamento, a Receita reteve as joias. O governo Bolsonaro tentou, em pelo menos oito ocasiões, reaver os itens, acionando inclusive outros ministérios, além da chefia da Receita. Em todas essas tentativas, ninguém pagou a taxa, e as joias não foram devolvidas.

A investida mais recente ocorreu dezembro do ano passado, dias antes de Bolsonaro deixar a Presidência. Na ocasião, o gabinete pessoal do então presidente pediu à Receita a liberação do conjunto. O ofício foi assinado por Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi intimado a dar esclarecimentos à Polícia Federal em abril deste ano. O inquérito apura se o ex-presidente cometeu o crime de peculato, ou seja, quando um funcionário público se apropria de dinheiro ou bens dos quais tem posse em razão de seu cargo. A pena varia de 2 a 12 anos de prisão, além do pagamento de multa.

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