Lula defende Vini Jr. e denuncia à ONU racismo na Espanha: “Desumanizador”
Vini Jr. sofreu ataques racistas, no último 21 de maio, enquanto disputava uma partida pelo Real Madrid, na Espanha
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou, nesta terça-feira (30/5), um vídeo ao Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas (ONU). Na mensagem, o petista relembrou o caso de racismo sofrido pelo atacante do Real Madrid Vinícius Júnior.
Vini, de 22 anos, foi vítima de ataques racistas enquanto disputava uma partida pelo clube, em 21 de maio. Após uma confusão no campo, o atleta foi insultado diversas vezes, com xingamentos de “macaco”.
Lula destacou a luta do jogador contra a série ataques no futebol estrangeiro. “A lição que podemos tirar desses imperdoáveis episódios é de que, se Vini Jr., um jovem de 22 anos, é capaz de se insurgir contra multidões hostis, não resta dúvida de que podemos e devemos fazer mais para interromper esse circuito desumanizador de violência”, afirmou.
Veja a íntegra do discurso do presidente:
“Quero saudar o secretário-geral da ONU, António Guterres. Quero também saudar a presidente do Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes, Epsy Campbell, em nome de quem saúdo todas as pessoas que participam desse extraordinário espaço de combate ao racismo, à xenofobia, à intolerância e ao discurso de ódio.
O racismo transcende fronteiras como ficou demonstrado nas contantes ofensas sofridas pelo jogador de futebol brasileiro Vini Júnior.
A lição que podemos tirar desses imperdoáveis episódios é de que, se Vini Jr., um jovem de 22 anos, é capaz de se insurgir contra multidões hostis, não resta dúvida de que podemos e devemos fazer mais para interromper esse circuito desumanizador de violência.
Mais do que nunca, esse Fórum é fundamental para avançar na Declaração das Nações Unidas sobre o direito dos afrodescendentes.
A delegação brasileira, sob a liderança da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reitera seu compromisso com a bandeira da igualdade racial, no âmbito interno e internacional, deixando portar abertas para a realização da sessão do Fórum no Brasil.
Com a participação de cada uma e de cada um de vocês nessa luta, estou certo de que vamos virar o jogo contra o racismo.”
Entenda o caso
Tudo começou quando o brasileiro foi atrapalhado por uma segunda bola em campo. Os companheiros de equipe ficaram indignados com a situação, e a torcida do Valencia começou a hostilizar o craque do Real Madrid.
Vini foi xingado por parte da torcida e apontou para o setor de onde partiam os gritos de “macaco”. O árbitro Ricardo de Burgos paralisou a partida, ordenou que uma mensagem fosse anunciada no estádio pedindo que os gritos parassem e, depois, seguiu com o jogo.
Em seguida, uma confusão entre vários jogadores dos dois times paralisou novamente o confronto. O camisa 20 do Real Madrid deu um tapa em um atleta rival após sofrer um mata-leão. O árbitro de vídeo (VAR), entretanto, escolheu somente mostrar a agressão do brasileiro, que acabou sendo expulso por isso. Nesta terça, a Federação Espanhola de Futebol demitiu o ábitro do VAR pelo erro.