Lula critica “extrema-direita fascista” e diz não se ofender em ser chamado de “comunista”
Presidente Lula participou de encontro do Foro de São Paulo, organização que reúne diversos partidos políticos de esquerda da América Latina
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta quinta-feira (29/6), a “extrema-direita fascista” ao participar, em Brasília (DF), do 26º encontro do Foro de São Paulo, organização que reúne diversos partidos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe.
Em sua fala, o petista afirmou, porém, que o discurso da esquerda precisa ser “rediscutido” para que as pautas voltadas a políticas sociais avancem.
“O Foro de São Paulo é uma benção que nós podemos criar na América Latina. A esquerda tem problema no mundo inteiro. É preciso que a gente rediscuta o discurso da esquerda. É preciso que a gente reflita o que a gente quer e como a gente vai fazer para conquistar”, afirmou Lula.
Em sua fala, o presidente citou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. “Por que aconteceu o impeachment da Dilma? Foi só erro da extrema-direita ou nós tivemos erros enquanto partido político? De vez em quando a gente tem que pensar, meditar, para evitar que novos erros atravessem a conquista da gente”, disse.
Em seu discurso, o presidente Lula também disse que não se ofende em ser chamado de comunista, mas sim quando pessoas alianhadas a pautas da esquerda são chamadas de “nazistas”.
“Eles nos acusam de comunistas, achando que nós ficamos ofendidos com isso. Mas não ficamos ofendidos. Nós ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazistas, de neofascistas, de terrorista, mas de comunista, socialista, nunca. Isso não nos ofende, isso nos orgulha”, declarou.
Democracia
Durante o evento, Lula ainda disse “gostar” da democracia”. Mais cedo, durante entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente disse que o conceito de democracia “é relativo”.
“A gente gosta de democracia, a gente gosta de ter tem gente protestando contra a gente, a gente gosta quando tem greve contra a gente, a gente gosta quando negocia. Nada disso é contra a democracia”, afirmou o petista.
Na entrevista da manhã desta quinta, Lula foi questionado sobre o motivo pelo qual setores da esquerda defendem o governo da Venezuela.
“A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Eu gosto de democracia, porque a democracia que me fez chegar à Presidência da República pela terceira vez”, declarou.
Em maio, Lula foi duramente criticado pela recepção que deu ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Após reunião bilateral com o líder venezuelano, o presidente brasileiro afagou o vizinho e afirmou que as acusações de que a Venezuela vive uma ditadura fazem parte de uma “narrativa”.
Foro de São Paulo
Com o tema “Integração regional para avançar na soberania latino-americana e caribenha”, a 26ª edição será realizada entre 29 de junho a 2 de julho, em Brasília. É a primeira vez que o evento volta a ser realizado desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020.
Entre os temas a serem discutidos estão:
- a integração de países da América Latina;
- situação da política brasileira;
- redes sociais e fake news; e
- antiimperalismo.
Criado na década de 90, o Foro de São Paulo é composto por 123 partidos de 27 países. O presidente Lula é um dos fundadores do grupo.
A primeira reunião do foro ocorreu em julho de 1990, após a derrubada do Muro de Berlim. Na ocasião, partidos e organizações de esquerda de diversos países se reuniram em São Paulo para discutir o posicionamento da esquerda no mundo.
Políticos ligados à direita argumentam que o Foro de São Paulo reúne movimentos que fazem apologia a ditaduras de esquerda. A esquerda, porém, trata o movimento como uma reunião de partidos de correntes democráticas.