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Lula articula chapa com Haddad e Marta para Prefeitura de SP

Volta da ex-prefeita ao PT está praticamente descartada e ela mantém conversas com PDT e Solidariedade

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Luiz Inácio Lula da Silva durante evento do PT em Brasília. – Brasília(DF), 24/04/2017
1 de 1 Luiz Inácio Lula da Silva durante evento do PT em Brasília. – Brasília(DF), 24/04/2017 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT vão trabalhar por uma chapa para a Prefeitura de São Paulo liderada pelo ex-prefeito Fernando Haddad e com a ex-prefeita Marta Suplicy como vice.

Sem partido desde que deixou o MDB em agosto do ano passado, Marta tem dito a interlocutores que o retorno dela ao PT está praticamente descartado devido às resistências de setores da sigla.

Com isso, o PT espera que Lula pressione Haddad a entrar na disputa e que a ex-prefeita se filie a outro partido de centro-esquerda. Duas legendas estão conversando com Marta: o PDT e o Solidariedade. No primeiro caso o ex-presidenciável Ciro Gomes se opõe à ideia da dobradinha.

O maior entrave para a concretização da chapa, no entanto, é a resistência de Haddad a disputar a prefeitura pela terceira vez. O ex-prefeito está irredutível. Ele tem alegado que, ao contrário de outros políticos, depende do emprego de professor no Insper para pagar suas despesas e que disputar a terceira eleição em apenas seis anos é um fardo muito pesado.

Além disso, Haddad avalia que a esquerda vai ter poucas chances na eleição do ano que vem. Segundo ele, a tendência é que a disputa fique entre um candidato da extrema direita, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, e outro de centro-direita.

De acordo com pessoas próximas, Haddad se irrita diante de especulações de que ele deseja se preservar para a disputa de 2022 e já chegou a sugerir registrar um documento em cartório se comprometendo a não ser candidato a presidente para estancar a boataria.

Petistas, no entanto, acreditam no poder de persuasão de Lula. O ex-presidente tirou alguns dias de férias e volta a São Paulo neste final de semana. Na agenda de Lula estão pedidos de reuniões com as bancadas municipal e estadual do PT para tratar de 2020.

Nestas conversas, Lula vai ouvir apelos pela candidatura de Haddad. Desde o início do ano, o PT, com o aval do ex-presidente, vem procurando um nome.

O primeiro foi o de Haddad, que declinou. Depois vieram Aloizio Mercadante e José Eduardo Cardozo, que também recusaram. Alexandre Padilha se colocou à disposição, mas sem entusiasmo. O maior interessado é o ex-deputado Jilmar Tatto, mas a baixa votação dele na eleição para senador no ano passado desanima os petistas.

O partido teme que, sem um nome forte, pode ser engolido à esquerda pela possível chapa Guilherme Boulos/Luiza Erundina (ambos do PSol) e ao centro pelo ex-governador Márcio França (PSB), que também corteja Marta para vice.

Tatto é outro também que quer Marta como vice e deve procurar Lula para pedir o apoio do ex-presidente a seu projeto eleitoral, que conta com a simpatia de Haddad.

Nos bastidores, pessoas próximas a Marta acreditam que Haddad pode deixar a Prefeitura em 2022 para disputar o Palácio do Planalto, o que abriria caminho para que ela voltasse a comandar a cidade que governou entre 2001 e 2004. Procurada, Marta não quis comentar.

Em conversas com interlocutores, porém, a ex-prefeita e ex-ministra admite ser vice de Haddad em nome da construção de uma frente ampla para combater o bolsonarismo na capital.

Esse projeto seria um laboratório para a disputa presidencial de 2022. Marta e Lula ainda não conversaram sobre a proposta de dobradinha. A ex-ministra ouviu de dirigentes, no entanto, que seria viável construir a chapa mesmo com ela em outro partido.

De volta aos eventos
Depois de um período de reclusão após deixar o Senado e o MDB, Marta Suplicy voltou a frequentar eventos com políticos e se aproximou de quadros da esquerda.

Na última terça-feira ela foi à festa de aniversário do sociólogo Fernando Guimarães em uma choperia em Pinheiros onde confraternizou com França e Boulos. Também estavam presentes ao evento dirigentes do PDT, além de integrantes do PT e da Rede.

Na semana passada, Marta participou do jantar de final de ano do grupo Prerrogativas, que reuniu mais de 300 advogados e lideranças de centro-esquerda em uma churrascaria, em São Paulo.

Na ocasião ela disse que a criação de uma frente para se contrapor à extrema direita representada pelo governo Jair Bolsonaro passa pelas eleições de 2020 e ela está em uma “situação privilegiada” por não almejar cargos.

Além dela, estavam no encontro França, o ex-deputado Gabriel Chalita (que também está sem partido), Haddad; o deputado Marcelo Freixo (PSol), pré-candidato à prefeitura do Rio; o presidente do PSol, Juliano Medeiros, e vários parlamentares como o deputado Rui Falcão (PT-SP). Marta e Falcão, que foi homem forte na gestão da ex-prefeita, se cumprimentaram gentilmente depois de muitos anos de rompimento político.

Em setembro a ex-prefeita esteve ao lado de integrantes de 16 partidos políticos e representantes da sociedade civil no evento “Direitos Já!” Fórum pela Democracia, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (PUC).

Sua presença nestes eventos é vista como uma reaproximação. Marta deixou o PT em 2015 atirando contra os escândalos de corrupção envolvendo o partido e votou pelo impeachment de Dilma Rousseff no ano seguinte.

Quando Marta e Haddad trabalharam juntos
Ela e Haddad se conhecem há muito tempo. O primeiro cargo público de Haddad foi o de subsecretário municipal de Finanças na gestão de Marta. Além disso, ambos foram ministros nos governos Lula e Dilma.

Na eleição de 2016, Marta, candidata pelo MDB, fez críticas à gestão do petista na prefeitura. Já Haddad, em 2018, citava marcas do governo Marta como os CEUs e o Bilhete Único como realizações do PT em eventos da campanha presidencial na periferia de São Paulo.

Depois dos acenos da ex-senadora à esquerda e dos afagos de Lula, que em entrevistas disse que Marta foi a melhor prefeita que São Paulo já teve, Haddad se tornou um dos entusiastas da volta dela para o PT.

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