Lula admite tornar Furnas e CEF empresas de economia mista
O ex-presidente defendeu a possibilidade de participação privada em empresas estatais, ao ser questionado se admitiria privatizações
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (1º/4), que é contra o “governo empresarial”, em referência à possibilidade de privatização generalizada de estatais no país. Admitiu, contudo, a hipótese de torná-las de economia mista. As declarações foram dadas em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, no programa O É da Coisa, na rádio Band News FM.
O ex-presidente citou a Caixa Econômica Federal (CEF), Furnas e Eletrobras como estatais que poderiam se tornar empresas de economia mista – com participação acionária privada.
Ele criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, por defender a venda de estatais, sem pensar na população mais pobre.
“Eu quero saber se eles estão preocupados com os que estão dormindo nas ruas. Com as pessoas que estão tendo que ficar isoladas, com os 14 milhões de desempregados”, falou.
“O Guedes é aquele marido que, ao invés de arrumar um emprego, ele quer sair vendendo os móveis, o fogão, a geladeira… Quer tudo menos trabalhar”, ironizou.
Essa é a primeira entrevista que Lula concede a um veículo nacional desde a coletiva em São Bernardo do Campo (SP), em 10 de março, quando o ex-presidente discursou dois dias após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidir anular os processos contra ele na Lava Jato.
O anúncio da entrevista entre Lula e Azevedo gerou surpresa e grande repercussão. Isso porque o jornalista é conhecido por ser crítico feroz do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele, inclusive, foi um dos responsáveis pela criação do termo “petralha” e chegou a escrever um livro intitulado “O País dos Petralhas”.
A conversa é apontada como um “grande acontecimento” porque Azevedo e Lula foram desafetos declarados durante anos. Contudo, nos últimos tempos, o jornalista tem defendido que o ex-presidente sofreu uma condenação sem provas, além de criticar os métodos da Operação Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro – recentemente declarado parcial pelo STF.
Ao comunicar que entrevistaria o petista, Azevedo falou: “O meu único acordo com o presidente é que eu pergunto o que eu quero e ele responde o que ele quer, como deve ser no jornalismo e em uma conversa com duas pessoas civilizadas”.