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Luana Araújo: “Autonomia médica não é licença para experimentação”

Esta autonomia é o argumento do governo para defender o “tratamento precoce”, com medicamentos sem comprovação de eficácia para a Covid-19

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Luana Araújo depõe à CPI da Covid
1 de 1 Luana Araújo depõe à CPI da Covid - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A infectologista Luana Araújo afirmou, nesta quarta-feira (2/6), que a autonomia médica não pode ser uma licença para a experimentação.

“Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação. Precisa ser defendida, mas com base em alguns pilares: na plausibilidade teórica, no volume de conhecimento científico acumulado até aquele momento sobre o assunto, no pilar da ética e da responsabilização”, declarou Luana à CPI da Covid.

“Quando junta isso tudo, você tem direito, sim, da autonomia e você precisa fazer aquilo que é melhor para o paciente, mas não pode abrir mão dele por qualquer coisa que seja”, acrescentou.

O princípio que preconiza a autonomia médica é o argumento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de aliados para defender o chamado tratamento precoce, que inclui o uso de fármacos como a cloroquina e a ivermectina, medicamentos que não têm comprovação de eficácia para a Covid-19.

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Luana Araújo na CPI da Covid
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Luana Araújo e Omar Aziz na CPI da Covid
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Renan Calheiros, relator da CPI da Covid

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Relator da CPI, Renan Calheiros

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Ao ser questionada novamente sobre autonomia médica, Luana Araújo reafirmou que esse princípio não dá direito de experimentar ou inventar tratamento acima do conhecimento científico. O profissional de saúde que o fizer precisa entender a responsabilidade, segundo a depoente da CPI.

A infectologista afirmou também que o “tratamento precoce” já tem a ineficácia comprovada.

“Acho temerário colocar nas costas dos médicos a responsabilidade de usar medicação que não tem ineficácia. E não é que não tenha eficácia, não é uma questão que não foi comprovada, a ineficácia está comprovada. Isso não é uma discussão. Acho que a classe médica foi exposta de uma maneira não positiva”, declarou.

Luana foi convocada após ter sido anunciada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para o cargo de secretária do Enfrentamento à Covid-19. Apesar de ter sido praticamente confirmada na pasta federal e de ter trabalhado por nove dias, ela não foi nomeada, por resistência do Palácio do Planalto.

A CPI da Covid tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas, com o desabastecimento de oxigênio hospitalar, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.

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