Lobista da Precisa apresenta atestado médico do Sírio-Libanês para não depor
Este é o segundo depoente que consegue junto ao hospital uma ordem médico para se abster da oitiva da CPI em menos de 24 horas
atualizado
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A defesa de Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria comunicou, nesta quarta-feira (1º/9), à CPI da Covid-19 que o suposto lobista da Precisa Medicamentos não irá depor ao colegiado nesta quinta-feira (2/9), em razão de internação no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A testemunha alega “dor pélvica” para não comparecer à comissão.
Este é o segundo depoente que consegue junto ao hospital um atestado médico para se abster da oitiva em menos de 24 horas. Mais cedo, a defesa do empresário Marcos Tolentino, citado como “sócio oculto”da FIB Bank, também apresentou um documento assinado por médicos da unidade privada de saúde, justificando problemas de saúde para não depor.
A coincidência surpreendeu os senadores da comissão. O vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu à Mesa que procure obter informações sobre o quadro de saúde de Marconny junto ao hospital. O mesmo encaminhamento foi feito em relação a Tolentino.
“A defesa do senhor Marconny informa que ele está sob cuidados médicos, perante o hospital Sírio Libanês, encaminha um atestado. Quero determinar que peça informações imediatamente do hospital. Querem usar o Sírio Libanês de álibi para não comparecer”, disse o senador.
Na abertura da sessão desta quarta, o presidente Omar Aziz (PSD-AM) sugeriu que Tolentino, apesar de ter sido internado nesta manhã, não aparentava mal-estar na noite dessa terça (31/8).
Irritado, o senador disse que o hospital “não poderia acobertar criminosos e emitir atestados falsos”. E imediatamente ligou para o diretor-geral do Sírio-Libanês em São Paulo, Fernando Ganem. A resposta foi uma promessa de que o hospital constituirá uma junta médica para avaliar os atestados emitidos.
Segundo Aziz, o diretor do Sírio-Libanês garantiiu não haver qualquer tipo de irresponsabilidade para dar atestado para qem não está doente e que irá prestar todas as informações solicitadas pela CPI.
“Vai fugir, mas vem”
“Ontem, às 22h, estava conversando normalmente com uma pessoa, que me reservo de não dar o nome, como se não tivesse absolutamente nada. Não creio que médico dará um atestado sem motivo”, disse o senador, sugerindo que a internação possa ser uma estratégia do depoente para postergar a oitiva. “Vai fugir hoje, vai fugir amanhã, mas vem”, completou Aziz.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) defendeu que o colegiado não encerre os trabalhos antes de ouvir Tolentino. “Não adianta ele se internar, procurar o hospital, tentar fugir da Comissão Parlamentar de Inquérito. Não adianta, só vamos encerrar quando ouvi-lo”, enfatizou.
Calheiros narra que a estratégia de evitar o depoimento não é nova. “Isso não é novo. Tivemos depoente que viajou para o exterior, alegou quarentena para não depor. Sempre fugiram desta forma, desde Pazuello que nos deparamos com esse problema”, afirmou, referindo-se ao episódio em que o ex-ministro da Saúde alegou ter tido contato com pessoa contaminada pelo novo coronavírus para não ir depor.