Livro sobre farra das passagens cita ida de Flávio Bolsonaro a Noronha
Publicação será lançada na próxima terça e atualiza informações sobre o abuso de parlamentares com verbas da Câmara e do Senado
atualizado
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A viagem do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) para o arquilélago de Fernando de Noronha, custeada com recursos do Senado e revelada em reportagem do Metrópoles, em outubro do ano passado, é citada no livro Nas asas da mamata: A história secreta da farra das passagens aéreas no Congresso Nacional.
Na época, só com as despesas de passagem, o Senado pagou R$ 1.620,60 para que o senador chegasse ao arquipélago. Somente depois da matéria, o parlamentar, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), decidiu devolver o dinheiro ao Senado e informou se tratar de um equívoco de sua assessoria o pedido de ressarcimento.
A publicaçã0 será lançada nesta terça-feira (17/8) pela editora Matrix. Os autores são os jornalistas Eduardo Militão, Eumano Silva, Lúcio Lambranho e Edson Sardinha. Os quatro foram autores de uma série de reportagens publicada em 2009 pelo site Congresso em Foco, intitulada Farra das Passagens e que explicitou o abuso de dinheiro público na compra de bilhetes para deputados, amigos, parentes, namoradas. O quarteto bate papo on-line em live do canal da Livraria Cultura (@livraria_cultura).
Inquéritos contra uma centena de políticos chegaram a ser abertos pelo Ministério Público Federal. “O livro atualiza os inquéritos e resgata a reportagem que teve uma grande repercussão”, conta Eumano Silva, que foi editor da reportagem.
“Também usamos esse livro para homenagear diversas reportagens publicadas sobre o assunto e que também explicitaram o uso de recursos públicos sem nenhum critério”, destacou, citando a matéria sobre Flávio Bolsonaro.
O livro revela que as viagens a lazer com dinheiro público são comuns na família do presidente Jair Bolsonaro. Flávio rumou para Noronha acompanhado da mulher, a dentista Fernanda Antunes Figueira.
Já o pai, pagou a lua-de-mel em Foz do Iguaçu com a primeira-dama Michelle Bolsonaro, com recursos da Câmara dos Deputados, em março de 2013, um dia depois de seu casamento civil.
Na época, os bilhetes, tanto para o então deputado quanto para Michelle, custaram à Câmara R$ 1.729,24, despesa autorizada pelo presidente da Casa na ocasião, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
As informações usadas na obra, que possui 312 páginas, são das companhias aéreas que tiveram que fornecer dados em processos instaurados na Justiça Federal.
Filhos
Já no primeiro capítulo, a publicação revela viagens pagas com dinheiro público para os quatro filhos mais velhos de Bolsonaro: Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan. Entre 2007 e 2008, Flávio, Carlos e Eduardo, fizeram cinco viagens entre Rio, São Paulo e Brasília com passagens da cota da Câmara. Carlos era vereador no Rio de Janeiro e Flávio, deputado estadual.
Flávio e Carlos também foram a Salvador, em pleno verão, viagem que custou R$ 3.903,72 para a Câmara.
O livro ainda reporta idas de Flávio a Florianópolis e Porto Alegre, e um passeio dele com o irmão Carlos para Fortaleza
Em 2007, Jair Renan e sua mãe, Ana Cristina Siqueira Valle, além do primo, Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, também tiveram tíquetes pagos pela Câmara.