Segundo delatores, Agnelo recebeu R$ 1 milhão e Arruda, R$ 996 mil
O dinheiro para a campanha dos dois ex-governadores do DF teria sido dado pela Odebrecht em caixa 2 e não contabilizado
atualizado
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Cinco políticos do Distrito Federal, alvos da Lista de Janot, tiveram os pedidos de abertura de inquérito remetidos para outros foros e tribunais pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os alvos da medida, estão os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), o ex-senador Gim Argello e o deputado distrital Robério Negreiros (PSDB), além de Márcio Machado, ex-presidente do PSDB local e secretário de Obras no governo Arruda.
Segundo o Ministério Público Federal, delatores da Odebrecht afirmaram que Arruda teria recebido R$ 996 mil, em recursos não contabilizados de caixa 2, para a sua campanha de 2014. A Agnelo Queiroz, teria sido destinado R$ 1 milhão, no ano de 2010.
Além dos pedidos relacionados aos políticos, a Justiça do DF deverá decidir se autoriza a investigação do contrato firmado entre o GDF e as empreiteiras que construíram o Centro Administrativo de Brasília (Centrad); as obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha; e o suposto pagamento de vantagens indevidas no Projeto Habitacional Jardins Mangueiral.Fachin ainda determinou a retirada do sigilo das petições. Os tribunais que receberão os casos são a Justiça Federal do DF, nas denúncias contra Arruda e Agnelo; a Justiça Federal do Paraná, que analisará o pedido referente a Gim Argello; e o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), na acusação contra Robério Negreiros.
O ex-vice-governador e atual assessor especial do presidente Michel Temer, Tadeu Filippelli (PMDB), e o ex-deputado Geraldo Magela (PT) teriam sido citados nas delações da Odebrecht, mas não aparecem na lista divulgada pelo STF. Os casos de ambos podem não ter gerado pedido de abertura de inquérito por parte da PGR ou podem estar entre as 25 petições ainda mantidas em sigilo.
Acusações
A justificativa para os pedidos de abertura de inquérito contra os suspeitos que não responderão a eventuais processos no STF só será detalhada nesta quarta-feira (12/4), quando a Corte deve liberar as delações premiadas dos executivos da Odebrecht. No entanto, as delações de executivos da empreiteira sinalizam as acusações que pesam contra os políticos do DF.
Arruda e Agnelo, por exemplo, já tinham entrado na mira de Janot após delação do ex-presidente da empresa Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Ele afirmou que os ex-governadores “embolsaram comissões” para favorecer a empresa nas obras do Estádio Mané Garrincha, que custou quase R$ 2 bilhões aos cofres públicos. No caso que envolve a Odebrecht, Agnelo e Arruda ainda são suspeitos de irregularidades no contrato do Centro Administrativo.
Já o ex-secretário de Obras Márcio Machado, que até então não fora relacionado ao escândalo, teve papel de destaque nas duas obras durante a gestão Arruda.
Robério Negreiros, por sua vez, é citado por Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. O tucano é acusado de receber uma doação de R$ 50 mil da empreiteira para a sua campanha eleitoral.
Confira abaixo quais as acusações contra políticos do DF:
Ao Metrópoles, Robério afirmou que a doação de R$ 50 mil foi declarada e aprovada pelo partido pelo qual era filiado à época, o PMDB, sem ressalvas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF). “A decisão do ministro Fachin não emitiu qualquer juízo de valor, apenas remeteu a mera e irresponsável citação do meu nome para análise do TRF-1, onde, tenho certeza, será arquivado, pois não cometo, não admito e não compactuo com ilicitudes”, disse.
Até a última atualização desta matéria, Arruda e Agnelo não haviam retornado os contatos da reportagem para comentar o assunto. No entanto, em declarações anteriores, ambos negaram quaisquer irregularidades. Já a defesa de Márcio Machado não foi localizada.
Ao lado dos cinco políticos do DF, 196 pedidos de investigação foram remetidos por Fachin a instâncias inferiores. Outros 108 nomes que têm foro privilegiado tiveram pedido de abertura de inquérito autorizado pelo STF nesta terça-feira (11/4).
Bomba no governo federal e no Congresso
A lista do ministro Edson Fachin, que é o relator da Operação Lava Jato no Supremo, traz o nome de oito ministros do governo Temer, 24 senadores e 39 deputados federais — entre eles, os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se baseou nas delações premiadas de 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht para enviar à Corte Suprema os pedidos. Nomes que haviam sido citados na lista enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entretanto, não constam da relação de Fachin, divulgada hoje.
É o caso dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que não aparecem entre os implicados porque não têm foro por prerrogativa de função. Pode ser o caso também de políticos do Distrito Federal que teriam sido incluídos nas segunda edição da lista de Rodrigo Janot.