Lira sobre mensagem do “contragolpe” de Bolsonaro: “Mais trabalho e menos confusão”
Ao reagir à mensagem enviada por Bolsonaro a um grupo de amigos, o presidente da Câmara disse ser “um ferrenho defensor constitucional”
atualizado
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reagiu à mensagem enviada pelo presidente Jair Bolsonaro no sábado (14/8) para uma lista de transmissão no WhatsApp, na qual Bolsonaro fala sobre a necessidade de um “contragolpe” e convoca apoiadores para que se manifestem no dia 7 de setembro com o objetivo de mostrar que ele e as Forças Armadas têm apoio para uma ruptura institucional.
Pelas redes sociais, Lira não endossou a fala do presidente e demonstrou não apoiar qualquer atitude de ruptura institucional, ao dizer que seu objetivo é continuar fazendo o trabalho na Câmara dos Deputados como “um ferrenho defensor constitucional da harmonia e independência entre os Poderes”.
Lira também apontou a intenção de votar a reforma tributária ainda nesta semana. “Vigilante e soberana, a Câmara avança nas reformas, como a tributária, que votaremos nesta semana, na certeza de que o país precisa de mais trabalho e menos confusão”, destacou.
O Brasil sempre terá no presidente da Câmara dos Deputados um ferrenho defensor constitucional da harmonia e independência entre os Poderes.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) August 16, 2021
A mensagem revelada pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, foi enviada do número pessoal do presidente para diferentes integrantes do governo e amigos. Na lista de transmissão, estão ministros de Estado, apoiadores e amigos de Bolsonaro.
A mensagem se dirige a outras pessoas de direita e pede que elas leiam o texto para não criticarem Bolsonaro por não radicalizar o suficiente.
“Atenção direitista sem noção, você mesmo que está falando merdas (sic) como ‘Vamos tomar o poder já que ninguém faz nada’, ‘Bolsonaro tá muito devagar’ ou ‘FFAA não fazem nada’. Faça o favor de ler com atenção o abaixo escrito, compreender as coisas como realmente são e assim passar a nos ajudar e não atrapalhar”, começa o texto, que apresenta na sequência uma série desses comentários.
Sete de Setembro
No trecho mais forte da mensagem, defende-se que o “contingente” da manifestação em 7 de Setembro deve ser “absurdamente gigante” para “comprovar e apoiar inclusive intencionalmente” que o presidente e as Forças Armadas têm o apoio necessário para dar um “bastante provável e necessário contragolpe”.
“Hoje, fazer um contragolpe é muito mais difícil e delicado do que naquela época, além do grave aparelhamento acima relatado, temos uma constituição comunista que tirou em grande parte os poderes do Presidente da República e foi por estes motivos que o Presidente Bolsonaro, no início de agosto, em vídeo gravado, pediu para que o povo brasileiro fosse mais uma vez às ruas, na Avenida Paulista, no dia sete de setembro, dar o último aviso, mas, desta vez, ele reforçou que o “contingente” deveria ser absurdamente gigante, ou seja, o tamanho desta manifestação deverá ser o maior já visto na história do país, a ponto de comprovar e apoiar, inclusive internacionalmente, para que dê a ele e às FFAA, para que, em caso de um bastante provável e necessário contragolpe que terão que implementar em breve, diante do grave avanço do golpe já em curso há tempos e que agora avança de forma muito mais agressiva, perpetrado pelo Poder Judiciário, esquerda e todo um aparato, inclusive internacional, de interesses escusos.”
Em outro trecho da mensagem encaminhada por Bolsonaro, lê-se que a manifestação de 7 de setembro, que vem sendo organizada por apoiadores do presidente, autorizaria o “nosso presidente Jair Bolsonaro juntamente com as nossas honrosas FFAA” a tomarem “as decisões cabíveis para que o Estado democrático de direito seja reestabelecido, o equilíbrio entre os poderes salvaguardado, o cumprimento da Constituição seja imperativo, o respeito à soberania nacional e do povo brasileiro sejam priorizados, a transparência das eleições seja cumprida e o resgate do STF hoje sequestrado por apátridas ocorra”.