metropoles.com

Lira apoia vacinação privada sem repasse ao SUS e gera onda de revolta

Pela proposta do deputado Hildo Rocha, empresas poderão até deduzir do Imposto de Renda despesas com vacina, mesmo sem doação para o SUS

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Fotos Igor Estrela/Metrópoles
Arthur Lira
1 de 1 Arthur Lira - Foto: Fotos Igor Estrela/Metrópoles

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pretende colocar em discussão ainda nesta quarta-feira (31/3) o projeto que permite a compra de vacinas por empresa sem que haja doação de doses para o Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta apoiada por Lira inclui um dispositivo apresentado pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que prevê que as empresas poderão inclusive abater o valor gasto com a compra das doses no Imposto de Renda – na prática, isso repassa os custos aos cofres públicos, dividindo a contra entre toda a população.

Trata-se do projeto de lei 948/2021, que permite a compra de vacinas contra a Covid-19 pela iniciativa privada. Ela altera a redação do artigo 2º da Lei nº 14.125, que permite a compra de vacinas desde que as doses de imunizante sejam doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto permite ainda que a iniciativa privada compre vacinas que não foram aprovadas pela Anvisa.

O presidente da Câmara defendeu a proposta nesta quarta, após a reunião do Comitê de Enfrentamento da Covid-19, no Palácio do Planalto.

“Tem uma discussão que inicia-se hoje na Câmara e tem que ser transparente, que é da possibilidade de a iniciativa privada também adquirir vacinas, para que o empresário possa vacinar os seus funcionários e seus familiares, para manter a sua empresa, o seu negócio de pé”, afirmou.

“O projeto que anunciamos hoje prevê também a vacinação dos familiares diretos dos funcionários das empresas privadas que optarem pela compra de vacinas.  O empresário poderá também doar 100% das vacinas para o SUS.”

A  proposta causou espanto em parlamentares. O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que já comandou o Ministério da Saúde, apontou a articulação como um “escândalo”. “É o camarote com dedução de imposto de renda”, disse o parlamentar.

“Tem uma discussão que inicia-se hoje na Câmara que é da possibilidade da iniciativa privada também adquirir vacinas para que o empresário possa vacinar os seus funcionários, para manter a sua empresa e seu negócio de pé, e também extrapolar para o SUS a quantidade, podendo também extrapolar para a família dos seus funcionários uma quantidade, ou podendo doar 100% para o SUS. Não há conflito de interesses”, disse.

Nas redes sociais, a iniciativa gerou uma onda de revolta. A iniciativa chegou a ser classificada como uma espécie de “apartheid sanitário”.

Para o biólogo Átila Lamarino, as ações decididas pelo comitê formado entre os três chefes de Poder apontou que as ações estão no caminho contrário do que a defesa do Plano Nacional de Imunização (PNI). “Virou comitê anti-PNI”, disse.

“Vamos trocar o PNI – Plano Nacional de Imunização pelo PNMPP – Plano Nacional do Meu Pirão Primeiro”, disse o pesquisador.

 

Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) criticou o que chamou de “cercadinho vip da vacinação”.

Veja:

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?