Lira adota discurso bolsonarista sobre combustíveis e diz que Câmara “dá sustentação ao governo”
O presidente da Câmara defendeu a unificação do ICMS em todo o país como forma de não permitir “ganhos excessivos” aos estados
atualizado
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Em clima de campanha para 2022, durante evento no interior de Alagoas com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adotou o discurso bolsonarista e culpou os governos estaduais pelo alto preço dos combustíveis.
Ao lado de Bolsonaro, no município de Teotônio Vilela, Lira disse que a Câmara “cumpre o seu papel de dar apoio ao governo” para todas as reformas que Bolsonaro precisa e anunciou que pautará logo na Câmara um projeto de lei para fixar um valor único no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para todo o país.
Segundo Lira, o governo federal já abriu mão de todos os impostos que incidem sobre a gasolina e o diesel, e está na hora de os governadores darem sua dose de sacrifício.
“Sabe o que é que faz o combustível ficar caro? São os impostos estaduais. Os governadores têm que se sensibilizar. O Congresso Nacional vai debater um projeto que trata do ICMS ad rem, para que ele tenha um valor fixo. Para que a gente não fique vulnerável ao preço do dólar, porque esse a gente não controla. Para que a gente não fique vulnerável ao aumento do petróleo, porque esse a gente não controla.”
Lira disse ter visto Bolsonaro “muito angustiado” com o aumento no preço do diesel anunciado nesta terça-feira (28/9), mas tranquilizou o presidente dizendo que ele tem na Câmara um órgão que vai dar “sustentação ao governo”.
“A Câmara federal cumpre o seu papel de dar sustentação ao governo, que precisa de apoio do Congresso para propor as reformas de que o Brasil precisa. Nós debatíamos essa questão dos combustíveis. Que ninguém aguenta mais dólar alto, que ninguém aguenta mais aumento de combustível”, disse Lira.
As falas de Lira no evento ocorreram quase que simultaneamente às falas de deputados na sessão da Câmara, em Brasília, pedindo que o presidente da Casa paute a discussão sobre a redução de preços praticados pela Petrobras.
Projeto
O projeto citado pelo presidente da Câmara foi encaminhado por Bolsonaro à Câmara no início deste no e valor fixo para o ICMS dos combustíveis. O assunto, no entanto, não avançou.
No discurso, Lira exaltou iniciativas dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de Mato Grosso, Mauro Mendes, que reduziram as alíquotas de ICMS.
“Os outros têm que acompanhar, dar sua cota de sacrifício, porque estão arrecadando muito neste período de pandemia”, discursou Lira. “Não é justo que os mais humildes paguem a conta para manter arrecadação crescente.”
Vacinas
No estado, Lira é oposição ao governo de Renan Filho (MDB). Além de adotar a recorrente posição de Bolsonaro, culpando os governadores pelos altos preços dos combustíveis, Lira ainda fez discurso apontando a vacinação contra a Covid-19 como mérito do governo federal.
Lira disse à plateia que todas as doses de vacina compradas para a imunização da população local foram pagas pelo governo de Bolsonaro, e nada foi feito pelo governo do estado.
“Vou fazer uma pergunta aqui: quem vocês acham que comprou as vacinas? Todas as vacinas foram compradas e entregues pelo governo de vossa excelência”, destacou Lira.
Vale observar que a vacinação em todo o país faz parte do Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, e que mesmo os governos estaduais que compraram imunizantes tiveram que entregar doses para o plano nacional.
Moradias
O evento em Alagoas foi para entrega de moradias populares. Lira elogiou o governo Bolsonaro por pagar o projeto iniciado no governo de Michel Temer (MDB), dentro do escopo do programa Minha Casa Minha Vida, lançado no governo do PT.
“Presidente Bolsonaro, o seu governo, como disse o ministro Rogério Marinho, pagou 95% de todo o investimento desse conjunto, e hoje o senhor vem aqui honrosamente entregar as chaves para 400 moradores, que vão hoje realizar o sonho da casa própria”, elogiou.