metropoles.com

Limite para investimentos e gastos em educação é o menor em 10 anos

Baixo volume de recursos após contingenciamento do governo também é recorde na Defesa, Meio Ambiente, Turismo e Meio Ambiente

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Andre Borges/Especial para o Metrópoles
protesto educacao
1 de 1 protesto educacao - Foto: Andre Borges/Especial para o Metrópoles

O contingenciamento orçamentário imposto pelo governo federal em março deixou o Ministério da Educação com a menor quantidade de recursos dos últimos 10 anos para gastos não-obrigatórios, as chamadas verbas discricionárias. Outras quatro pastas – Meio Ambiente, Defesa, Turismo e Relações Exteriores – estão na mesma situação. Todas têm, hoje, um limite de verbas inferior ao de 2009, no final do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e após a crise financeira mundial de 2008.

Atualmente, o Ministério da Educação dispõe de R$ 17,9 bilhões para investimentos e outros gastos. Em 2009, eram R$ 20,8 bilhões (em valores atualizados pela inflação do período). Segundo a série histórica, o maior valor de verbas discricionárias da pasta nos últimos dez anos foi R$ 42,6 bilhões, em 2014.

Nem mesmo em 2015, quando houve o maior volume de contingenciamento do governo federal na década, de cerca de R$ 79,6 bilhões no total, a pasta teve um orçamento tão baixo para despesas não-obrigatórias. A Educação tem hoje 50,8% do que estava disponível naquele ano em verbas discricionárias.

Os dados foram enviados à Lupa pelo Ministério da Economia, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A pasta informou três valores: o previsto para investimentos e gastos de cada um dos ministérios do governo federal na Lei Orçamentária Anual, o total contingenciado após o último decreto de cada ano e a diferença entre eles, ou seja, a verba disponível, de fato, para cada ministério. A Economia não informou se houve algum recuo com relação ao contingenciamento em algum dos anos, porque, segundo a pasta, a coleta desses dados “comprometeria o exercício das atividades regulares” da secretaria responsável.

Os valores foram listados de acordo com cada ministério. Há informações sobre as pastas do governo de Jair Bolsonaro e as de governos anteriores – incluindo as que foram extintas, como Cidades e Pesca e Aquicultura. Por isso, não é possível comparar todas elas. Assim, a Lupa analisou os dados dos sete ministérios que mantêm a mesma organização desde 2009, ainda no governo Lula: Defesa, Educação, Minas e Energia, Meio Ambiente, Relações Exteriores, Saúde e Turismo. Os valores foram atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerando a inflação acumulada entre cada mês de contingenciamento e maio de 2019.

Defesa foi o ministério que mais perdeu com os cortes

O ministério mais afetado dentre os analisados pela Lupa foi o da Defesa. As verbas discricionárias tiveram uma redução de R$ 9,6 bilhões em relação às de 2009, quando a pasta podia gastar o equivalente a R$ 17 bilhões em despesas não-obrigatórias, em valores corrigidos pelo IPCA. No contingenciamento feito pelo governo Bolsonaro, esse total ficou limitado a R$ 7,4 bilhões.

O congelamento decretado pelo governo federal neste ano levou o Ministério do Meio Ambiente a perder R$ 395,4 milhões em relação ao que teve para gastar em 2009. Em 2019, a pasta ficou com um limite de R$ 638,1 milhões para despesas não-obrigatórias. Há uma década, esse gasto estava em R$ 1 bilhão.

Já o Ministério das Relações Exteriores perdeu R$ 311,4 milhões na comparação com 2009. A verba discricionária da pasta é de R$ 1,2 bilhão hoje. Era de R$ 1,5 bilhão no final da década passada.

Em seguida vem o Ministério do Turismo, com R$ 3,6 bilhões a menos para gastar do que em 2009. A verba para esse tipo de gasto na pasta caiu de R$ 3,9 bilhões, naquele ano, para R$ 344,1 milhões atualmente.

Contingenciamento atingiu 81,3% da verba de Minas e Energia
Proporcionalmente, o contingenciamento não atingiu da mesma forma todos os órgãos do governo. O Ministério da Saúde, por exemplo, manteve intactos os recursos previstos na LOA, segundo os dados do Ministério da Economia. Em 2019, poderá gastar até R$ 19,5 bilhões em despesas não-obrigatórias, um volume maior do que o da Educação (24,7% dos recursos desse tipo contingenciados). O gasto com verbas discricionárias na Saúde este ano só é inferior ao de 2012, 2013, 2017 e 2018.

Por outro lado, o percentual contingenciado em 2019 nas pastas analisadas chegou a 81,3% em Minas e Energia e a 44,1% na Defesa, maiores volumes na série histórica para essas pastas.

Em Educação, o congelamento de 2019 (24,7%) foi o segundo maior da década – perdeu apenas para o de 2015 (29,5%). O mesmo aconteceu com Relações Exteriores (27,1% em 2019 contra 33,8% em 2011). Os Ministérios do Meio Ambiente e do Turismo tiveram vários congelamentos maiores que o atual em termos proporcionais.

Governo: cortes são “medidas em busca de equilíbrio fiscal”
Procurado para comentar o fato de que a verba livre de parte dos ministérios é a menor dos últimos 10 anos, o Ministério da Economia afirmou que “realiza uma série de medidas em busca do equilíbrio fiscal, com expectativa de reflexos positivos ainda neste ano.”

A assessoria da pasta também disse que “o crescimento das despesas obrigatórias, sobretudo com previdência e gastos com pessoal, comprime o montante disponível para investimentos e custeio” e fez uma defesa da reforma da previdência, que, segundo a nota enviada à Lupa, “surtirá efeitos, quando aprovada, permitindo ao País recuperar o nível de investimentos.”

A Economia afirmou, ainda, que “não trabalha com a possibilidade” de rever a meta fiscal, o que poderia devolver a verba às outras pastas para retomada dos investimentos.  

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?