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Líderes no Senado defendem mudanças na proposta de reforma política

Em caso de alteração da matéria na Casa, o texto voltará para a Câmara, o que elevará o risco de não ser validada para 2018

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1 de 1 julgamento impeachment 6 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mesmo com prazo escasso para mudar a legislação eleitoral, a proposta de reforma política em discussão na Câmara deverá sofrer mudanças no Senado. Líderes de partidos afirmam que discordam de pontos já aprovados pela comissão especial e preveem alterações no texto. As modificações podem colocar em risco a votação antes de outubro, prazo necessário para a validação das novas regras para o ano que vem.

A adoção do “distritão” como sistema eleitoral em disputas parlamentares e a criação de um fundo com dinheiro público para financiar campanhas são as principais polêmicas. Outros pontos, como a adoção de cláusula de desempenho para partidos e o fim das coligações nas disputas proporcionais, que já passaram pelo Senado, têm mais consenso.

Antes da discussão da proposta do “distritão”, houve reuniões de chefes de partidos com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Apesar disso, líderes de bancadas como as do PT, PCdoB, PPS, Rede e Podemos afirmam que não existe acordo para aprovação da proposta sem alterações no Senado.

Caso os senadores alterem algum ponto, a proposta terá de passar por nova votação na Câmara.

“Não tem acordo com o ‘distritão’ nem com o distrital misto. Vamos lutar contra isso de todas as formas. O que estamos defendendo é que se mantenha o sistema atual”, ressaltou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada do partido na Casa, formada por 11 senadores.

A proposta aprovada na comissão da Câmara prevê o distritão, em que são eleitos os mais votados em cada estado, como modelo de transição e, a partir de 2022, o sistema distrital misto, em qual o eleitor vota duas vezes, uma no candidato e a outra no partido.

Líder do PMDB, maior bancada do Senado com 22 integrantes, Raimundo Lira (PB) salientou a necessidade de aguardar o que vai “sobrar” na votação do plenário da Câmara antes de discutir se o partido irá apoiar. Ele, no entanto, admitiu que não haverá acordo se o distritão não estiver previsto apenas como modelo eleitoral transitório. “O ‘distritão’, ao longo do tempo, acaba por enfraquecer as legendas”, avaliou Lira.

No PSDB, o líder da bancada, Paulo Bauer (SC), disse que a tendência é aprovar a proposta caso não haja “surpresas” na Câmara. Ele, no entanto, afirmou que a criação do fundo não terá apoio se os recursos saírem de verbas da área da Saúde e da Educação.

Ele propõe incorporar à reforma um projeto de sua autoria que prevê o fim do horário eleitoral em rádio e televisão. A medida teria como objetivo baratear as campanhas e usar o valor da dedução fiscal das emissoras para financiar o fundo.

A ideia é semelhante ao que propõe o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). Ele, porém, defende ainda uma contribuição de R$ 20 de eleitores para o candidato que escolher. Com isso, segundo ele, tiraria o poder da cúpula partidária de determinar para quem vai mandar o dinheiro.

“O projeto é terminativo no sentido de não ficar na decisão, muitas vezes subjetiva, do presidente do partido ou do tesoureiro de definir para quem ele vai mandar”, disse Caiado, que afirmou que irá defender sua ideia por meio de destaque na proposta que vier da Câmara.

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), inclusive, propõe convocar manifestações populares contra a criação do fundo eleitoral com dinheiro público.

“Vou votar contra este fundo. Não concordo em princípio e muito mais pelo momento que estamos atravessando. Acabou o tempo em que podemos dispor de R$ 3,5 bilhões. Não vejo de onde tirar esse dinheiro hoje. É preciso reduzir os custos das campanhas. Por que não acabar com o horário eleitoral? Ou fazê-lo sem marketing?”, questionou.

Cláusula de barreira
Também em discussão na Câmara, o fim das coligações nas disputas legislativas e a adoção de uma cláusula de desempenho para reduzir o número de partidos têm mais consenso. As duas medidas estão em uma proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), aprovadas ainda no ano passado pelo Senado.

Segundo Ferraço, mesmo que os deputados aprovem um texto com regras mais flexíveis, como propõe a relatora da comissão especial na Câmara, Shéridan Oliveira (PSDB-RR), as propostas não devem ser novamente alteradas no Senado.

“A nossa proposta aqui no Senado era muito mais forte e mais ousada do que a da Câmara, para uma mudança verdadeira. Mas a gente está olhando para esse projeto entendendo que o ótimo é inimigo do bom”, afirmou.

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