LDO: relator prevê correção na saúde por inflação e alta populacional
Congresso Nacional já havia tentado inserir dispositivo semelhante na LDO de 2018, mas o trecho acabou sendo vetado pelo presidente Temer
atualizado
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O relatório do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 prevê que o gasto mínimo em saúde será corrigido não só pela inflação, mas também pela taxa de crescimento populacional. A intenção é manter o gasto per capita com saúde registrado neste ano, justificou o relator, senador Dalírio Beber (PSDB-SC). O parecer do parlamentar de Santa Catarina deve ser apreciado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) nesta quarta-feira (4/7). A sessão está marcada para 10 horas.
“Consideramos essencial garantir ao menos a manutenção do gasto per capita do setor. Dessa forma, acolhemos diversas sugestões no sentido de acrescer a tal montante a taxa de crescimento populacional estimada”, diz o texto.
O Congresso Nacional já havia tentado inserir dispositivo semelhante na LDO de 2018, mas o trecho acabou sendo vetado pelo presidente Michel Temer. A regra do teto de gastos prevê que o mínimo para a saúde é atualizado ano a ano apenas pela inflaçãoO relatório ainda estipula um piso para as despesas com assistência social, área que não foi alvo dos mínimos estabelecidos pelo teto de gastos. No parecer, Beber prevê que o mínimo para a área em 2019 será correspondente ao gasto aprovado na Lei Orçamentária de 2018 mais a inflação do período.
Custeio e relação
O relatório do projeto de LDO de 2019 estipula que o governo deverá reduzir ao menos em 10% suas despesas de custeio administrativo em relação a 2018. “Essa medida, certamente dura, mas necessária, visa a contribuir com o esforço fiscal para evitar ou reduzir a necessidade de endividamento, sob a forma de operações de crédito para financiar despesas correntes”, diz o parecer do senador Dalírio Beber.
Na regra incluída no texto, o método de escolha dos gastos a serem impactados com a economia deverá ser explicitado na mensagem que enviar o projeto de Lei Orçamentária Anual de 2019 ao Congresso. Para contribuir nesse sentido, o relator exclui do texto a possibilidade de realização de construção, ampliação ou aquisição de residências oficiais de membros de qualquer dos Poderes e Ministros de Estado e de aquisição de automóveis de representação para as mesmas autoridades.
“É possível que a economia daí decorrente não seja expressiva num primeiro momento. Contudo, estabelece-se uma regra pedagógica, quanto à necessidade de avançar na revisão dos dispêndios públicos”, diz o parecer.
As projeções do governo apontam uma margem de R$ 98,4 bilhões no ano que vem para despesas discricionárias, que incluem custeio administrativo e investimentos. Na semana passada, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse que a estimativa de inflação maior (por conta da greve dos caminhoneiros) pode abrir espaço adicional no teto de gastos em 2019.
Novo presidente
O relatório do projeto de LDO de 2019 propõe que o novo presidente encaminhe um plano de revisão de receitas e despesas, além de medidas para enfrentar a restrição fiscal, logo no primeiro trimestre de sua gestão. O alvo principal são as renúncias tributárias, que devem chegar a R$ 284 bilhões neste ano.
Em seu parecer, o senador Dalírio Beber afirma que o governo precisa tomar medidas diante do iminente descumprimento da chamada “regra de ouro” do Orçamento, que impede a emissão de dívidas para pagar despesas correntes, como salários. Em 2019, o governo precisará recorrer a um crédito suplementar para bancar cerca de R$ 260 bilhões em gastos (inclusive salários e benefícios) com recursos obtidos via emissão de dívida. O crédito é a única exceção permitida pela regra de ouro.
O texto do parecer diz que o presidente encaminhará ao Congresso Nacional um plano de revisão de despesas e receitas, inclusive de incentivos ou benefícios de natureza financeira, tributária ou creditícia, para o período de 2019 a 2022. O plano deverá ser acompanhado das correspondentes proposições legislativas e das estimativas dos respectivos impactos financeiros anuais.
Regra de ouro
As medidas para recompor receitas deverão priorizar iniciativas voltadas à redução de renúncia e ao aumento de receita, ao combate à sonegação, à progressividade tributária e à recuperação de créditos tributários. O PLDO ainda veda a criação de novas renúncias em 2019 e exige um cronograma de redução dos benefícios ao longo de 10 anos, de modo que, ao fim dessa década, o volume de renúncias não ultrapasse 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
O plano e as medidas deverão ser encaminhadas até 31 de março de 2019 ou na data de envio do projeto de crédito suplementar, o que ocorrer primeiro. O PLDO também propõe que o presidente encaminhe uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para modificar a regra de ouro.
Recentemente, o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) apresentou uma PEC que muda o mecanismo da regra de ouro e estabelece duras travas aos gastos já quando há perigo de a regra ser descumprida. Quando o governo rompe a norma constitucional, entram em ação outros mecanismos de cortes de despesas, incluindo demissões de cargos em comissão e redução de benefícios fiscais. A proposta, porém, ainda não foi levada adiante no Congresso – apesar da intervenção federal no Rio, o texto poderia ser apreciado nas comissões, embora seja vedada a votação em plenário.