Lava Jato apura contatos de Odebrecht com Palocci desde 2004
O ex-ministro foi preso temporariamente nesta segunda-feira (26/9), por ordem do juiz federal Sérgio Moro, durante a 35ª fase da Operação Lava Jato
atualizado
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Um conjunto de mensagens de e-mail reunidas pela Polícia Federal no pedido de prisão do ex-ministro Antonio Palocci, alvo central da 35ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (26/9), indica o “relacionamento” de Marcelo Bahia Odebrecht com “Italiano” – codinome usado para identificar o petista na empreiteira – desde 2004, quando Palocci era titular do Ministério da Fazenda, no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
“‘Italiano’ possui relacionamento com Marcelo Bahia Odebrecht pelo menos desde 2004”, informa Relatório da Polícia Federal 124/2016, anexado aos ao pedido de prisão de Palocci. Batizada de Operação Omertà, a 35ª fase aponta o ex-ministro como responsável pelo recebimento de pelo menos R$ 128 milhões em propinas para o esquema do PT na Petrobras e em outras áreas.
“Tal indivíduo (‘Italiano, ou Palocci’) possuía elevado grau de penetração política, o que significa, como também será demonstrado, que detinha cargos de relevo no Executivo e Legislativo e capacidade e efetividade para alteração de quadros políticos em relação a contratação na esfera federal”, registra o documento.Palocci foi preso temporariamente nesta segunda-feira, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. Uma mensagem reunida pela PF, encaminhada pelo usuário da conta “pleao@br.odebrecht.com”, em 3 de maio de 2004, a João Pacífico Ferreira, diretor da Odebrecht, “há menção de atuação junto a governadores de Estados”. O assunto é relacionado à “recuperação da ferrovia que liga Bauru (SP) à Corumbá (MS), ao que parece, a partir de arranjo prévio de tal indivíduo com Marcelo Bahia Odebrecht.”
Saneamento
Em outro e-mail do dia 10 de maio de 2004, Odebrecht “encaminha para sua secretária notas direcionadas a Emílio Alves Odebrecht (EAO) e Pedro Novis (PN) para temas que deveriam ser tratados por eles com “Italiano”, envolvendo obras, liberação de recursos do OGU (Orçamento Geral da União) e programas de saneamento relacionados provavelmente relativos a liberação de recursos via Caixa Econômica Federal”.
“Além disso, Pedro Novis deveria tratar com ‘Italiano’ sobre o tema de exportação de serviços. Cita ainda nota entregue ao guerrilheiro, quando de visita recente do comando do PT a China”
Há ainda mensagens que indicam a origem da identificação de que “Italiano” era Palocci e das discussão para atuação do ex-ministro em favor da Odebrecht em negócios na África. A Omertá sustenta que o petista teria atuado em favor do grupo na liberação de financiamentos do BNDES para Angola, onde eles executariam obras.
Palocci ainda é acusado de defender interesses em contratos de construção de navios-sondas para exploração de petróleo em alto mar, para edição de uma medida provisório em benefício do grupo econômico e no bilionário projeto de construção de submarinos para as Forças Armadas.
PMDB
Os negócios da Petrobras em Angola são alvos da Lava Jato por terem supostamente beneficiado PT e PMDB. Nos e-mails reunidos pela Omertà, há indicativos de que desde 2005 Palocci teria mantido contatos com executivos da Odebrecht para beneficiar o grupo em obras na África.
“Tal mensagem é de importância por demonstrar: o início das relações entre o Governo Brasileiro e o Governo de Angola, no que atine a exportação de serviços; o começo do processo de identificação de ‘italiano’; e o nascimento das relações de Marcelo Bahia Odebrecht com tal indivíduo, as quais, pelo que se viu, ainda não eram consolidadas”, aponta a investigação.