Kátia Abreu a Ernesto Araújo: “O senhor é um negacionista compulsivo”
Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e ex-chanceler tiveram atritos antes da demissão de Araújo
atualizado
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A presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), afirmou, nesta terça-feira (18/5), que o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo tem “memória seletiva” e é um “negacionista compulsivo”.
“Imagino que o senhor tenha uma memória seletiva para não dizer leviana. O senhor não se lembra de nada que é importante e do que ocorreu efetivamente. E se lembra de questões mínimas, supérfluas e não verdadeiras”, alfinetou Kátia. A senadora disse ainda que “há um Ernesto que fala aqui [na CPI da Covid] e outro que fala na internet”, mas, a despeito dele, “o comércio do Brasil aumentou”.
“O senhor deve desculpas ao país. O senhor é um negacionista compulsivo, omisso. O senhor no MRE foi uma bússola que nos direcionou ao caos, ao iceberg, ao naufrágio”, finalizou a senadora.
A exposição por parte do ex-chanceler de uma reunião entre Kátia e ele foi o episódio derradeiro da queda de Araújo. O ex-ministro sugeriu nas redes sociais que a senadora tinha interesses privados e trabalhava em prol da China, no dia seguinte, ele deixou o Itamaraty.
Araújo já vinha sendo criticado por empresários e por parlamentares pela gestão à frente do Itamaraty, demasiadamente ideológica e, portanto, atrapalhando nas relações com alguns países, sobretudo com a China.
A senadora lembrou que a maior parte das vacinas aplicadas no Brasil vieram da China por causa do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, e que ele e o governo brasileiro não se movimentaram para isso.
Araújo é o sétimo depoente do colegiado. Antes dele, os senadores ouviram o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, além dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e do atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.
A comissão ouvirá, nesta quarta-feira (19/5), o ex-ministro Eduardo Pazuello, que teve a oitiva adiada no último dia 5, após ele ter informado o contato com dois servidores infectados pela Covid-19.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.