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Jungmann, em live com Noblat: “Não acredito que o presidente tenha forças para ruptura”

Ex-ministro da Defesa foi entrevistado pelo colunista do Metrópoles Ricardo Noblat. Na conversa, defendeu solidez das instituições

atualizado

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Raul Jungmann
1 de 1 Raul Jungmann - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou não acreditar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) terá forças para provocar ruptura entre os Poderes de modo que ameace a democracia.

Jungmann, que foi ministro na gestão de Michel Temer (MDB), participou como convidado da cobertura do Metrópoles das manifestações deste 7 de Setembro, feriado da Independência. O jornalista Ricardo Noblat, colunista do portal, conduziu a entrevista.

Para Jungmann, um golpe precisaria do irrestrito apoio dos militares. E, segundo ele, o presidente Bolsonaro não conta com esse “apadrinhamento”.

Veja a live

“Um golpe clássico na América do Sul precisa contar com os militares. Eu tenho dito e reafirmado que as Forças Armadas estão indisponíveis para uma aventura autoritária”, explicou.

O ex-ministro citou a demissão da cúpula das Forças Armadas em março deste ano. A troca ocorreu em meio a pressões do presidente para que a Marinha, a Aeronáutica e o Exército manifestassem claramente apoio ao governo.

“Eles estavam sendo insubordinados, ineficientes ou cometeram delitos? Não. Eles não se dobraram à vontade do presidente de endossar os gestos de constrangimento e ameaça aos demais Poderes”, salientou.

À época, os titulares do Exército, general Edson Pujol; da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior; e da Aeronáutica, brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez, se reuniram com o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, para comunicar a decisão. Azevedo e Silva também foi desligado do cargo.

Conselho da República

Bolsonaro convocou reunião do Conselho da República. “Amanhã [quarta-feira 8/9] estarei no Conselho da República, para nós, juntamente com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, mostrarmos para onde todos devemos ir”, declarou o chefe do Executivo em fala para manifestantes, nesta terça-feira (7). A fala do mandatário ocorre em um momento de crise institucional entre os Poderes da República.

No Brasil, o Conselho da República é o órgão superior de consulta da Presidência da República criado para assessorar o mandatário do país em momentos de crise. A convocação causou surpresa nos integrantes do grupo, e nenhum presidente dos Poderes confirmou participação.

Jungmann participou do conselho em 2018, quando Michel Temer decretou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.

O ex-ministro não crê, contudo, em um descontrole entre as instituições. “O presidente não detém força, e acredito que nunca teve, para provocar uma ruptura, mas o presidente tem força para criar conflitos”, avaliou.

“Um cenário possível, no primeiro ou segundo turno, ele é derrotado. Acredito que ele vai invocar que houve uma fraude, que não aceita, pedir a anulação das eleições, e parte dos seus apoiadores irá para as ruas, que aí terá conflitos. O presidente joga com esse clima”, assinalou.

Impeachment e violência

Jungmann comemorou que os atos registrados pelo país não tiveram casos de violência e confronto. “É algo positivo”, disse na transmissão iniciada no fim da tarde.

Para o ex-ministro, o número de participantes nos dois principais atos — Bolsonaro estimava 1,2 milhão em Brasília e 2 milhões em São Paulo, comparecimento que não se confirmou — foi “muito aquém” do esperado.

“Isso muda alguma coisa? Isso resolve o problema da pandemia [de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus], da inflação, do desemprego e da energia? Não resolve nada”, criticou.

E completa: “É um degrau a mais na degradação das instituições. É um retórica corrosiva. Não tiro a gravidade maior que é o presidente participar de um ato contra um outro Poder. Não acho que esses atos venham mudar a trajetória”.

Jungmann defende que hoje a grande questão é manter a democracia. “Para isso, precisamos produzir unidade. Será que o impeachment interessa mesmo a todas as forças que estão na oposição? Acho ruim para o regime democrático. Por ser que sim, se houver um grande consenso democrático para isso”, finalizou.

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