Jornalista inglês era “malvisto” na região amazônica, diz Bolsonaro
Presidente ainda chamou de “excursão” a viagem do profisisonal e do indigenista e afirmou que tudo indica que os dois foram mortos
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quarta-feira (15/6), que o jornalista britânico Dom Phillips, desaparecido há 11 dias, no Amazonas, era “malvisto” na região amazônica em razão de seu trabalho profissional. Dom produzia matérias investigativas sobre garimpo ilegal e a defesa ambiental. Ele e o indigenista Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho, na região do Vale do Javari.
“Esse inglês ele era malvisto na região, porque ele fazia muita matéria contra garimpeiro, a questão ambiental… Então, naquela região lá, que é uma região bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio. E resolveu fazer uma excursão”, disse Bolsonaro em entrevista à jornalista Leda Nagle.
“A gente não sabe se alguém viu e foi atrás dele. lá tem pirata no rio, tem tudo que você possa imaginar. E é muito temerário você andar naquela região sem estar devidamente preparado fisicamente e também com armamento devidamente autorizado pela Funai, que pelo que parece não estavam”, prosseguiu.
O mandatário ainda afirmou que tudo indica que os dois foram mortos: “Você pode ver: pelo que tudo indica, se mataram os dois, se mataram, espero que não, eles estão dentro d’água, e dentro d’água pouca coisa vai sobrar, peixe come, não sei se tem piranha lá no Javari. A gente lamenta tudo isso, pede a Deus que nada tenha acontecido”.
Mais cedo, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, admitiu estar “profundamente preocupado” com o desaparecimento do jornalista inglês. Durante sessão do parlamento britânico nesta quarta, o premiê falou pela primeira vez sobre o caso, e defendeu que as autoridades do país se prontificaram a auxiliar o governo brasileiro.
Entenda o caso
Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho, enquanto faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, na região do Vale do Javari, no Amazonas.
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), a dupla se deslocava com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que atua perto do Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar entrevistas com os habitantes daquela região.
Nessa terça-feira (14/6), o Metrópoles revelou que durante a gestão do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Funai retirou armas de fogo que estavam em ao menos uma das bases de proteção do órgão na Terra Indígena (TI) Vale do Javari. A informação foi repassada por duas entidades locais, e confirmada por um servidor do órgão, que pediu para não ser identificado por medo de represálias.
Ainda na noite de terça, a Defensoria Pública da União (DPU) teve pedido acolhido pela Justiça Federal (14/6) para que a Funai providencie medidas de segurança pública a seus servidores e aos povos indígenas no Vale do Javari.
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