Joênia Wapichana aceita convite de Lula para presidir a Funai
O cacique Raoni e outras lideranças defenderam, em encontro com Lula, que órgãos indigenistas sejam geridos por indígenas
atualizado
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A deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR) afirmou, nesta sexta-feira (30/12), que aceitou o convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai). “Considerando a demanda dos povos indígenas, o desafio de uma reconstrução e o fortalecimento dos direitos, principalmente em relação à demarcação. Por isso, eu aceitei o convite”, afirmou.
Nesta semana, Sônia Guajajara foi anunciada como futura ministra dos Povos Indígenas, pasta que comandará a partir de 2023.
O grupo de trabalho dos povos indígenas que atuou na Transição propôs em seu relatório a retirada da Funai do guarda-chuva do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Esperamos a decisão do novo governo”, declarou Joênia. O Metrópoles já havia antecipado a informação.
Lula celebrou a confirmação de Wapichana na Funai pelas redes sociais:
Estive com @JoeniaWapichana, que assumirá a presidência da Funai em nosso governo. Pela primeira vez, finalmente teremos a Funai presidida por uma mulher indígena, dentro da estrutura do Ministério dos Povos Indígenas. Novos tempos para o Brasil!
📸: @ricardostuckert pic.twitter.com/PS1zFCkAyX
— Lula (@LulaOficial) December 30, 2022
Cacique Raoni
A coletiva de imprensa, na qual ocorreu o anúncio da futura presidente da Funai, contou com o presença do cacique Raoni, que lidera a etnia caiapó. De acordo com seu intérprete, Patxoni, a conversa com Lula circundou a defesa da condução dos órgãos indigenistas por indígenas. “Não é de agora que eu converso com Lula. E, hoje, conversamos sobre a indicação de indígenas para órgãos indigenistas, incluindo na Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde]”, destacou.
“Peço aos parlamentares que respeitem o trabalho dos indígenas nestes órgãos”, reiterou Raoni. O cacique caiapó é conhecido por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas.
Dom e Bruno
Beto Marubo, liderança indígena integrante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), também afirmou que a conversa com Lula tratou da escalada de violência na região do Vale do Javari, onde Dom Philips e Bruno Pereira foram brutalmente assassinados em 2022.
“Eu vim falar sobre a minha região, onde ocorreram os assassinatos. A violência é uma demanda na nossa região, e falamos com Lula sobre a necessidade de uma atuação [do Estado]”, ressaltou. “Terão agendas com os órgãos competentes e trabalharemos com prioridade”, explicou.