Jobim sobre voto eletrônico impresso: “Cruza de jaguatirica com cobra d’água”
Ex-presidente do STF e TSE afirma que uso de urna eletrônica com comprovante impresso pode gerar problemas no processo eleitoral
atualizado
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O ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), e ex-ministro da Justiça e da Defesa Nelson Jobim afirmou, em audiência pública da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, ser contra a adoção do comprovante impresso de voto com uso da urna eletrônica. O grupo discute o projeto que sugere o uso de cédulas físicas para eleições.
“Acho que a mistura, a compatibilização do sistema de urna eletrônica que temos com o sistema de impressão de voto, como diria o deputado Pompeo de Mattos, poderia ser uma cruza de jaguatirica com cobra d’água”, disse Jobim, fazendo referência ao deputado do PDT, defensor do voto impresso.
A mudança é defendida por parlamentares bolsonaristas e de partidos do Centrão. O PDT sugere que o eleitor continue usando a urna eletrônica, mas que seja emitido um comprovante impresso.
Jobim explica que a mudança no sistema pode trazer problemas sérios para o processo eleitoral. “Essa comissão é um grande lugar para trabalhar no avanço da segurança da urna eletrônica. Mas não se terá a segurança da urna eletrônica no voto impresso. Vão criar outros problemas. Piores problemas com a possibilidade da fraude”, explicou.
Ele defende ainda que, com a evolução da tecnologia, o sistema da urna eletrônica será atualizado e se tornará cada vez mais seguro. “Continuo dizendo, por experiência minha, que alguns podem não concordar porque o processo democrático é assim, que tenho mais demonstração de que a desconfiança faz mais sentido em relação ao voto impresso e à apuração manual do que ao sistema de voto eletrônico. Temos uma longa história sobre isso”, disse.
A deputada Bia Kicis (PSL), que é a favor da mudança, afirmou que a população está desconfiada quanto à segurança do processo de votação e tem medo de que as eleições sejam fraudadas. Jobim discordou, dizendo que a deputada faz generalizações e ele, como eleitor, não está em dúvida.