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João Santana diz que Cardozo é “cínico” ao negar caixa 2 em campanhas

O marqueteiro trabalhou nas campanhas eleitoral de Dilma Rousseff (PT) à Presidência nos dois anos, e acusa o ex-ministro de mentir ao negar

atualizado

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Wilson Pedrosa/Estadão
joão santana
1 de 1 joão santana - Foto: Wilson Pedrosa/Estadão

O marqueteiro de campanhas eleitorais do PT João Santana divulgou nota nesta quarta-feira (17/5) em que afirma que o ex-ministro José Eduardo Cardozo diz de forma “cínica” que não houve caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. O marqueteiro trabalhou nas campanhas eleitoral de Dilma Rousseff (PT) à Presidência nos dois anos.

“O advogado Cardoso insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma, de que o ‘altíssimo custo’ oficial da campanha seria uma prova vigorosa de que não houvera ‘pagamentos não contabilizados’. Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas”, afirma.

“De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?” Segundo o marqueteiro, “as únicas vezes” que mentiu sobre a presidente Dilma “foi para defendê-la”. “E isso já faz algum tempo”, pontuou. “Jamais para acusá-la. Lamento por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando. A vida nos impõe momentos e verdades cruéis.”

João Santana negou ainda haver contradição em sua delação premiada. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, apontado pela empresária Mônica Moura, mulher de Santana, como responsável por ter informado à presidente cassada Dilma Rousseff sobre a prisão da empresária e do ex-marqueteiro do PT João Santana, disse que as delações do casal apresentam contradições que desacreditam o depoimento.

João Santana classificou ainda como “grotesca e absurda” a entrevista de Cardozo ao jornal O Globo.

“Não há nenhuma contradição naquilo que Mônica e eu afirmamos sobre as informações recebidas, em fevereiro de 2016, a respeito de nossa prisão iminente. Quando disse que soube da prisão pelas câmeras de segurança de minha casa – acessadas por computador desde a República Dominicana – referia-me ao óbvio: foi naquele momento, na manhã do dia 22 de fevereiro, que eu vi, de fato e realmente, a prisão concretizada”, afirma a nota do marqueteiro

Após a manifestação do marqueteiro, Cardozo afirmou que “é esperado que alguém defenda, inclusive com deliberada veemência e indignação, os termos de uma delação que firmou com a finalidade de obtenção de condições mais vantajosas para o cumprimento de uma sanção penal”.

“Afinal, a não comprovação dos depoimentos prestados pelos delatores levará à perda das vantagens pretendidas”, declarou. “O que chama atenção é que, com esta manifestação, o publicitário não só não esclarece a clara contradição entre o seu depoimento e o de Monica Moura, mas como a reitera. De fato, basta verificar os depoimentos dos delatores e a nota em questão, para que se constate a evidente contradição, sobre os momentos e as maneiras pelas quais teriam sido hipoteticamente avisados da sua prisão pela presidenta Dilma Rousseff.”

O outro lado, a resposta de Cardozo
“A respeito da nota divulgada pelo publicitário João Santana, acerca de entrevistas que concedi sobre as claras contradições existentes entre os seus depoimentos e os de sua esposa Monica Moura, em delação premiada, afirmo e esclareço que:

1. É esperado que alguém defenda, inclusive com deliberada veemência e indignação, os termos de uma delação que firmou com a finalidade de obtenção de condições mais vantajosas para o cumprimento de uma sanção penal. Afinal, a não comprovação dos depoimentos prestados pelos delatores levará à perda das vantagens pretendidas.

2. Todavia, o que chama atenção é que, com esta manifestação, o publicitário não só não esclarece a clara contradição entre o seu depoimento e o de Monica Moura, mas como a reitera. De fato, basta verificar os depoimentos dos delatores e a nota em questão, para que se constate a evidente contradição, sobre os momentos e as maneiras pelas quais teriam sido hipoteticamente avisados da sua prisão pela presidenta Dilma Rousseff.

3. Reitero, por fim, que no caso da prisão de João Santana, nem a Polícia Federal, nem o Ministério Público, nem o Poder Judiciário quebraram o sigilo da operação, avisando a mim, então ministro da Justiça, das prisões antes do momento apropriado. Apesar da possibilidade da prisão, naquele período, ser abertamente especulada pela imprensa, fui comunicado da existência de mandado de prisão a ser executado, como rotineiro, no momento da sua concretização. Foi nesse instante que, ao ser cientificado, cumpri meu dever funcional informando à senhora presidenta da República da prisão de João Santana e da Monica Moura.

José Eduardo Cardozo, ex-Ministro da Justiça e ex-Advogado Geral da União”

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