JBS tinha entregador de propina de luxo, que levava dinheiro em “cash”
O executivo da JBS Florisvaldo Caetano de Oliveira fez diversas entregas em dinheiro para políticos
atualizado
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O grupo controlador do frigorífico JBS tinha uma espécie de office-boy de luxo. Sócio da empresa FF contábil e também executivo da JBS, Florisvaldo Caetano de Oliveira era um dos encarregados de entregar o dinheiro de propina em espécie para uma série de políticos e seus representantes. No Termo de Colaboração de Oliveira à Procuradoria-Geral da República, ele relata ter entregue quase R$ 2 milhões em dinheiro a pelo menos 12 pessoas.
As entregas eram feitas a pedido de Joesley e Wesley Batista, irmãos e donos da JBS, e dos executivos da empresa Demilton Antônio de Castro e Ricardo Saud. O primeiro a ser citado na delação é Altair Alves Pinto. Oliveira afirma ter entregue dinheiro a ele diversas vezes no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Sabia que eram (recursos) destinados a Eduardo Cunha, mas não sabia a origem do negócio que gerou o pagamento”, disse o contabilista.
Altair é apontado em diversas delações no âmbito da Lava Jato, inclusive na de Joesley Batista, como o “faz-tudo” do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A mando de Joesley, Oliveira teria entregue ainda dinheiro a Marcio Toledo, marido da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP).Dante e Roberta, irmãos de Lúcio Funaro, também teriam recebido propina por diversas vezes. No entanto, Oliveira não cita as quantias entregues.
São Paulo
A mando de Ricardo Saud, Oliveira relata ter entregue R$ 1 milhão em um endereço na Vila Madalena (SP), em um escritório ligado ao presidente Michel Temer (PMDB). Ele era informado de que deveria ir até o local e negociar com um contato chamado de “coronel”.
O deputado federal Zeca do PT (PT-MS) teria recebido R$ 100 mil em espécie, segundo a delação. Ele não teria mandado qualquer interlocutor. Segundo o depoimento, retirou pessoalmente os valores no escritório da FF Contábil, na Avenida Faria Lima.
O dinheiro era levado, em algumas ocasiões, em carros-fortes. Em outras, eram viabilizados por meio de doleiros e entregues no endereço da empresa de Oliveira. Demilton informava que uma determinada pessoa entregaria o valor em dinheiro e Oliveira esperava para receber. Todos os nomes citados por Oliveira foram ditos anteriormente nas delações de Joesley e Wesley Batista. Florisvaldo Oliveira detalha apenas como eram feitos os pagamentos.