Janaina Paschoal: “Ministro, contrate um assessor jurídico”
Ministério da Educação pediu que escolas filmassem alunos cantando o hino nacional em carta que termina com slogan da campanha de Bolsonaro
atualizado
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A deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL-SP) criticou o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, pelo envio de e-mail a escolas de todo o país com orientação para que alunos fossem filmados cantando o hino nacional.
“Ministro, contrate urgentemente um assessor jurídico, especialista em ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)”, escreveu Janaina nesta terça no Twitter. “Não se pode sair filmando as crianças (isso vale para os amantes de face, insta, etc). Ademais, primeiro realize algo concreto e os elogios virão naturalmente.”
Ao rebater comentários de que o e-mail poderia se configurar como um crime de responsabilidade, como a acusação que fundamentou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) e da qual Janaina foi coautora, ela diz que a mensagem enviada pelo MEC é “surreal”.
“Estou me divertindo, vendo a moçada, que vive bradando que o impeachment (de Dilma) foi golpe, tentar transformar um e-mail do Ministro da Educação em crime de responsabilidade. É verdade que o email foi surreal, mas esse pessoal não enxerga o ridículo da desproporção das próprias reações.”
No e-mail enviado às escolas, a carta assinada pelo ministro termina com o slogan da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”.
“Prezados Diretores, pedimos que, no primeiro dia da volta às aulas, seja lida a carta que segue em anexo nesta mensagem, de autoria do Ministro da Educação, Professor Ricardo Vélez Rodríguez, para professores, alunos e demais funcionários da escola, com todos perfilados diante da bandeira do Brasil (se houver) e que seja executado o hino nacional”, diz a mensagem.
Investigações sobre Gilmar Mendes
Janaina também comentou as investigações da Operação Lava Jato no Rio, que colocaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, como alvo em apuração da Receita que mira ao todo 134 agentes públicos. O procedimento atingiu a mulher do presidente do STF, Dias Toffoli, e a ministra do Superior Tribunal de Justiça Isabel Gallotti.
Em entrevista à rádio BandNews, afirma ter sido alvo de “arapongagem” (espionagem) a pedido de procuradores da República e juízes daquele Estado. O jornal Folha de S. Paulo informou que Gilmar teria dito: “Sou do Mato Grosso. Lá a gente lida com chantagista assim: é matar ou morrer”.
Para Janaina, a situação é grave. “Até agora, eu estava compreendendo as falas do Ministro Gilmar Mendes como retórica. No entanto, ele insiste em falar em chantagem, chega a falar em ‘matar ou morrer’, frente à chantagem. Considero a situação grave. Não estamos diante de um político, que muitas vezes exagera nas cores de suas falas. Estamos diante de um Ministro do Supremo Tribunal Federal.”
A deputada cobra a abertura de inquérito e esclarecimentos por parte do ministro. “A Procuradoria Geral da República precisa iniciar um inquérito e chamar o Ministro a depor. A situação é muito grave”, escreve. “(Ele) precisa ser claro: 1) Quem está sendo chantageado? 2) Por que um Ministro do STF está sendo chantageado? 3) Quem é o autor da chantagem? 4) Qual a exigência do chantagista? No lugar de investigar a investigação da Receita, é preciso apurar a chantagem.”
Estou me divertindo, vendo a moçada, que vive bradando que o impeachment foi golpe, tentar transformar um e-mail do Ministro da Educação em crime de responsabilidade. É verdade que o email foi surreal, mas esse pessoal não enxerga o ridículo da desproporção das próprias reações.
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 26 de fevereiro de 2019