Itamaraty buscou informações sobre imunidade de rebanho no exterior, diz relatório da CPI
Comunicações diplomáticas interceptadas pela CPI da Covid apontam que o governo federal questionou pesquisadores sobre o tema
atualizado
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Trechos do relatório da CPI da Covid-19 apontam que, em comunicações interceptadas pelo colegiado, o governo federal buscava no exterior informações sobre a eficácia da tese de imunidade de rebanho, que consiste em expor a população ao novo coronavírus para desenvolver imunidade à Covid-19.
Segundo o documento redigido pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) e obtido pelo Metrópoles, em uma comunicação diplomática, o embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima questiona o professor Nicolai Petrovsky, diretor de pesquisas da empresa Vaxine, sobre mais informações em torno da eficácia de vacinas contra a doença e da necessidade de imunização para conter a disseminação do vírus.
Em resposta ao governo brasileiro, Petrovsky informa que, ao contrário da gripe espanhola, a imunidade contra a Covid-19 se mostrou temporária, o que torna inviável a estratégia de imunidade de rebanho. O embaixador, então, pede para transmitir as informações ao Ministério da Saúde.
Na avaliação de Calheiros, o Ministério das Relações Exteriores “buscava por mais informações sobre a imunidade de rebanho no exterior”.
“Restou apurado, portanto, que o governo federal estava alinhando com a ideia da imunidade de rebanho por contaminação natural, não só em época que não se sabia sobre agressividade do vírus, como depois que se verificou que estávamos diante de uma doença para a qual não havia vacina ou tratamento, ou seja, com alto poder de letalidade”, defende o emedebista no relatório.
Calheiros avalia que a estratégia supostamente adotada pelo governo federal, em defesa da tese, “foi temerária e ignorou o fato de nenhuma pandemia ter sido, até hoje, controlada por meio da imunidade de rebanho pelo autocontágio”.