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Investigadores da Lava Jato dizem que Gim Argello ganhou missa na Paróquia São Pedro

Em consulta à rede social do ex-senador, os investigadores identificaram que em 4 de outubro de 2014 foi celebrada a missa em favor do então candidato ao Senado. No Twitter, ele pediu aos fieis que agradecessem “ao Pai por todas”

atualizado

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1 de 1 gim-missa - Foto: Reprodução Facebook

A força-tarefa da Operação Lava Jato investigou a relação do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) com a Paróquia São Pedro, no Distrito Federal, que recebeu R$ 350 mil da OAS, em 2014, a pedido do então parlamentar. Em consulta ao Twitter de Gim Argello, os investigadores identificaram que em 4 de outubro de 2014 foi celebrada uma missa em favor do então candidato ao Senado na Paróquia. Gim Argello foi preso preventivamente na Operação Vitória de Pirro, 28ª fase da Lava Jato, nesta terça-feira (12/4).

“Missa na Paróquia São Pedro, em Taguatinga. Momento de repor as energias e agradecer ao Pai por todas”, escreveu o então senador na ocasião.

Na ocasião, detentor de poderes especiais como vice-presidente da CPMI da Petrobras, ele teria tomado uma fortuna de companhias que integraram o cartel na estatal petrolífera – parte do montante foi parar em conta da paróquia frequentada por Gim Argello.

Os procuradores afirmam que há evidências de que ele tenha recebido R$ 5,35 milhões da UTC (R$ 5 milhões) e da OAS (R$ 350 mil) para livrá-las de CPIs da Petrobras instaladas em 2014. Naquele ano, o então senador era vice-presidente da CPI mista que investigava a estatal.

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram instauradas em maio de 2014, após a deflagração da 1ª fase da Lava Jato.

No relatório em que pedem ao juiz federal Sérgio Moro a prisão preventiva de Gim, os investigadores citam algumas matérias de jornais que ligam o ex-senador à Paróquia São Pedro.

“Há evidências de que Gim Argello possa ter destinado os valores para a Paróquia São Pedro em agradecimento ao apoio que o Padre Moacir Anastácio atribuía à campanha daquele, sem que seja possível ainda concluir sobre eventual envolvimento doloso deste em crimes de lavagem de dinheiro em benefício do ex-senador. Todavia, guardado o devido respeito à Paróquia São Pedro e ao Padre Moacir Anastácio, é necessária a adoção de medidas investigativas em relação aos fatos, em virtude do conteúdo de mensagens de textos colhidas do celular de Léo Pinheiro”, afirma a força-tarefa no documento.

A reportagem esteve na igreja à procura do padre, que não estava no local. A Arquidiocese de Brasília informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

Ponto de partida
Os investigadores apontaram que no telefone celular do presidente do Grupo OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, apreendido na 7ª fase da Lava Jato, foram encontradas mensagens relacionadas a Gim Argello. Em mensagem enviada em 14 de maio de 2014 (data da instalação da CPI da Petrobras no Senado) a executivos do Grupo OAS, Léo Pinheiro solicita que seja feito pagamento no valor de R$ 350 mil para a conta bancária de uma paróquia do Distrito Federal, apontando como centro de custo a ‘Obra da Renest’ (referência à RNEST, refinaria da Petrobras).

De acordo com a força-tarefa, nas mensagens, o pagamento à paróquia é associado a pessoa de alcunha ‘Alcoólico’. A identificação de ‘Alcoólico’ como sendo Gim Argello, num trocadilho com a bebida Gim ‘foi evidenciada em troca de mensagens de Léo Pinheiro com Otávio Marques de Azevedo, presidente do Grupo Andrade Gutierrez, outra das empreiteiras envolvidas no pagamento de propinas a agentes da Petrobras’.

O pagamento de R$ 350 mil, segundo a Procuradoria da República, à paróquia foi efetivamente realizado em 19 de maio de 2014, ‘como demonstram as mensagens posteriores no celular de Léo Pinheiro e as informações fiscais da Construtora OAS’. “Em contrapartida, não houve convocação de Léo Pinheiro para prestar depoimento nas referidas comissões parlamentares. Não há indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores”, diz a força-tarefa.

Em sua delação premiada, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa afirmou que teria procurado o então senador Gim Argello para evitar que fosse convocado a depor nas comissões parlamentares de inquérito. Após acertos, pagou a quantia de R$ 5 milhões a Gim Argello, ‘usando mecanismos de dissimulação (lavagem de dinheiro)’.

Segundo Ricardo Pessoa, o então senador teria orientado que tal valor fosse dividido e doado aos diretórios distritais de quatro partidos políticos: DEM/DF – R$ 1.7 milhões -, PR/DF – R$ 1 milhão -, PMN/DF – R$ 1.15 milhão – e PRTB/DF – R$ 1.15 milhão. Estes partidos, juntamente com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB/DF), formaram, em 2014, a coligação “União e Força”pela qual Gim Argello era candidato a novo mandato de senador da República pelo Distrito Federal. A força-tarefa destaca que ‘não há indício de que tais partidos tenham participado ou tivessem ciência da origem ilícita dos recursos’.

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