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Infidelidade nos estados atinge mais Alckmin e Meirelles nas eleições

Levantamento mostra que em 10 casos há “traições” e formação de palanques regionais para candidatos adversários

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Ciete Silvério/Ascom
Meirelles e Alckmin
1 de 1 Meirelles e Alckmin - Foto: Ciete Silvério/Ascom

A definição do quadro de candidatos nas eleições 2018 começou a revelar a formação de palanques informais e casos de traição aos presidenciáveis nos estados, com potencial de prejudicar concorrentes de dois dos maiores partidos – Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB). Na tentativa de atrair espaço nas bases das duas siglas estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato, e o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líderes nas pesquisas de intenção de voto.

Um caso emblemático é o do governador tucano do Mato Grosso, Pedro Taques. Em campanha pela reeleição, ele avisou que irá ao aeroporto de Cuiabá recepcionar tanto Alckmin quanto Bolsonaro. Taques costurou aliança com a juíza aposentada Selma Arruda (PSL), a “Bolsonaro de saia”, como é chamada em Mato Grosso. Ela será candidata ao Senado. “Haverá palanque para os dois”, disse Taques.

Entre os “traidores” declarados de Meirelles está o governador de Alagoas, Renan Filho. Ele fez campanha interna no MDB contra ele e já avisou não estar disposto a recebê-lo no estado. O governador declara voto em Lula ou em outro candidato que venha substituir o ex-presidente. Renan Filho é favorito à reeleição, tendo suporte do PT.

Levantamento identificou 10 casos em nove estados e no Distrito Federal. Foram considerados “palanques informais” aqueles nos quais o candidato a governador lançado por um partido oferece apoio ou declara voto em um candidato à Presidência não coligado com sua legenda. O potencial para traições existe porque não há no Brasil a regra da verticalização das coligações. Por isso, os partidos não são obrigados a reproduzir a aliança nacional nas demais unidades da federação. As siglas podem selar acordo no plano presidencial e, ao mesmo tempo, rivalizar na disputa de cargos majoritários de um determinado estado.

No Pará, Meirelles tem apoio declarado do candidato do MDB ao governo estadual, Helder Barbalho, mas o palanque incluirá ao menos 17 siglas. Com a maior aliança destas eleições, o ex-ministro da Integração Nacional disse que a receita para compatibilizar grande número de legendas é “respeitar” as relações dos aliados com seus candidatos ao Planalto. “Construímos uma aliança para respeitar o projeto nacional de cada partido.”

Ministro do governo Dilma Rousseff, Helder minimiza a possibilidade de associar a campanha ao candidato petista para angariar votos, especialmente na região metropolitana de Belém. “Eu tive oportunidade de ter sido ministro do Pará.”

O MDB do Maranhão é outro que pode frustrar Meirelles. Tentando retomar o poder, o clã Sarney lançou a ex-governadora Roseana Sarney ao Palácio dos Leões. Ela faz defesa pública de Lula, embora o PT esteja aliado a seu rival, o atual governador, Flávio Dino (PCdoB). O ex-presidente José Sarney, pai de Roseana, compareceu à convenção que homologou a candidatura de Meirelles, mas esquivou-se de responder sobre sua empolgação com a candidatura do ex-ministro.

O Planalto cobrou que os candidatos do MDB empunhem a bandeira de Meirelles. No entanto, como a direção nacional não reservou recursos públicos para os governadores aplicarem nas respectivas campanhas, a cúpula perdeu força para exigir empenho de quem flerta com a oposição.

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