Indicação de Eduardo para EUA acirra racha no PSL paulista
Disputa envolve a indicação de quem será o candidato do PSL à prefeitura de São Paulo no ano que vem
atualizado
Compartilhar notícia
A possibilidade de o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ser indicado para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA acirrou uma disputa interna pelo comando do PSL paulista e pela escolha de um nome para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2020.
No último dia 10, o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) assumiu o comando do diretório de São Paulo – o maior colégio eleitoral do País – em meio a um racha entre os grupos da deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, e do senador Major Olímpio, líder do PSL no Senado.
Alinhado ao governador João Doria (PSDB), o grupo de Joice (apoiado pelo deputado Alexandre Frota) defende que a líder do governo seja candidata à Prefeitura, enquanto Eduardo e Olímpio rejeitam uma aproximação com os tucanos e trabalham pela candidatura de José Luiz Datena. Em 2018, o apresentador chegou a se lançar ao Senado pelo DEM, mas neste ano negocia a filiação ao PSL.
Com Eduardo eventualmente afastado de São Paulo, ficaria um vácuo no comando do partido. Como o diretório paulista opera em caráter provisório, a escolha do novo presidente não precisaria ser referendada por convenção e dependeria apenas do aval do diretório nacional, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PSL-PE). Procurado, Bivar disse que não vai interferir no debate em São Paulo.
O nome de Eduardo para a embaixada americana foi lançado pelo próprio pai. Entre os atributos citados que o credenciariam para a vaga, estariam o inglês fluente e canais abertos inclusive na Casa Branca. O próprio Eduardo chegou a destacar outros pontos, como um intercâmbio “no frio do Maine” (estado que faz divisa com o Canadá), onde “já fritei hambúrguer”.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o senador Major Olímpio, que presidiu o PSL-SP antes de Eduardo, disse que o nome “natural” para comandar o partido seria o do deputado estadual Gil Diniz, líder do PSL na Assembleia Legislativa, que contaria com o aval de Eduardo. Ainda segundo ele, Diniz poderia ser o candidato do PSL em 2020.
“Quem deve ficar na presidência é o Gil, que é o vice-presidente Eles (Frota e Joice) são filiados e ponto. Não têm nenhuma força de exigência, de voto ou de grupo no partido. O Gil tem uma ligação com os Bolsonaro”, disse o senador.
Sobre a eleição de 2020 na capital, Olímpio defendeu o nome de Gil Diniz por ser “o mais genuíno” dos bolsonaristas.
Outros setores do PSL paulista defendem que Eduardo escolha o próximo presidente do partido antes de ir para Washington. “Com a saída do Eduardo, é natural que ele indique o sucessor”, disse a deputada Carla Zambelli.
‘Direita raiz’
Questionada sobre a escolha do novo presidente do PSL paulista, a deputada Joice Hasselmann afirmou que não apoia ninguém para o cargo, mas criticou Olímpio.
“Acho que o Major atrapalha muito a cidade de São Paulo. Ele é ex-PDT e ex-Solidariedade. Não é direita raiz. Mas ele que fique tranquilo porque, se eu deixar de disputar a capital, porque ele mais uma vez tenta me atrapalhar, eu venho com tudo para o governo de São Paulo e, aí, as chances dele já eram.”
Também deputado federal pela legenda, Luiz Philippe de Orléans e Bragança sugere que o novo dirigente do PSL paulista não tenha mandato e que a gestão seja profissionalizada. A ideia, porém, foi rejeitada pelos dois grupos. “Essa coisa de executivo para comandar partido não vi dar certo ainda”, disse Olímpio. “Acho que a ideia é boa, mas vai melindrar deputados. Aliás, em todos os partidos os mais votados definem tais questões. Sou pela meritocracia”, completou Joice.
O PSL estabeleceu como meta lançar candidatos próprios a prefeito em todas as cidades com mais de 200 mil eleitores.
Em São Paulo, o partido dos Bolsonaro vai disputar os eleitores de direita com o “novo” PSDB idealizado por Doria, que tem pregado uma guinada liberal na sigla, mas descolada do governo federal.