Importação de diesel da Rússia pode começar em 60 dias, diz Bolsonaro
No Brasil, o combustível atingiu o maior valor da série histórica e representantes do setor veem risco de desabastecimento no país
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta segunda-feira (11/7), que a importação de diesel da Rússia pode acontecer em 60 dias, às vésperas do primeiro turno das eleições.
“Está acertado, em 60 dias já pode começar a chegar aqui, já existe esta possibilidade”, afirmou ele em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto.
Se confirmada a importação, a medida iria na contramão de vários países que têm adotado uma série de sanções contra os russos — como o embargo a importações de petróleo e derivados — em razão do conflito com a Ucrânia, que já dura quatro meses.
“A Rússia continua fazendo negócio com o mundo todo, parece que as sanções econômicas não deram certo. Tanto é que a Alemanha teve agora 40% do gás cortado. A energia da Europa depende em grande parte da importação de gás da Rússia. O rublo, que o pessoal achou que ia virar pó, foi o que mais valorizou no corrente ano. É um grande país, tem o dobro da extensão nossa. E o Brasil manteve uma posição de equilíbrio, lógico que a gente gostaria que não houvesse guerra”, prosseguiu Bolsonaro.
No fim de junho, Bolsonaro conversou, por telefone, com o presidente russo, Vladimir Putin, para tratar de temas como segurança alimentar e energética e a aquisição de combustível.
Entenda
O diesel está com alta demanda no mercado internacional. No Brasil, o combustível atingiu o maior valor da série histórica, iniciada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2004.
O Brasil é considerado estruturalmente “deficitário” em óleo diesel. No ano passado, por exemplo, quase 30% da demanda total veio de fora.
De acordo com representantes do setor ouvidos pelo Metrópoles, há risco de desabastecimento no Brasil caso não haja sinais de que o preço do mercado será mantido. A crise, inclusive, aconteceria durante o momento de maior exportação de grãos, entre junho e julho, o que poderia agravar a dimensão dos problemas que se avizinham.
Historicamente, o consumo de diesel é mais alto no segundo semestre em razão das sazonalidades das atividades agrícola e industrial. Segundo fontes do governo, o Ministério de Minas e Energia já trabalha com a expectativa de que o consumo do combustível neste ano supere a quantidade consumida em 2021.
O comitê de campanha do presidente Jair Bolsonaro considera a pauta prioritária em um cenário em que o mandatário da República trabalha para ser reeleito.