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Henrique Alves recorreu a Sarney por sua liberdade, diz MPF

Denúncia de procuradores do Rio Grande do Norte aponta que ex-ministro preso teria procurado o ex-presidente para livrar-se da prisão

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1 de 1 henrique-alves - Foto: Dida Sampaio/Estadão

A Procuradoria da República no Rio Grande do Norte apresentou novo pedido de prisão contra o ex-presidente da Câmara e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), no âmbito da Operação Manus. Em representação à 14ª Vara Federal do estado, formulada nesta quarta-feira (29/11), procuradores mencionam tratativas entre a filha, a mulher e o tio do peemedebista, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), com o ex-presidente da República José Sarney (PMDB), pela suposta interferência no Judiciário em favor de Henrique Alves.

O político já está preso desde o dia 6 de junho, alvo de dois mandados de prisão. Um deles relacionado às operações Sépsis e Cui Bono?, em Brasília, que apuram irregularidades na Caixa Econômica Federal; e outro, à Operação Manus, no Rio Grande do Norte, que investiga desvios de R$ 77 milhões na construção do estádio Arena das Dunas.

O Ministério Público Federal quer um terceiro decreto de prisão contra o peemedebista. A peça, assinada pelos procuradores Fernando Rocha e Rodrigo Telles, diz que Henrique Eduardo Lyra Alves, acionando o ex-presidente Sarney, procurou obter sua soltura mediante interferência e influência política perante o Poder Judiciário.

“O ex-presidente da República José Sarney é um dos principais nomes do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), mesma agremiação partidária de Henrique Eduardo Lyra Alves, tendo significativo poder de influência inclusive sobre o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), sendo todos eles correligionários”, informam os procuradores. “José Sarney, de acordo com matérias divulgadas na imprensa (cópias anexas), canalizou a insatisfação de vários membros do partido (alguns deles presos) com os rumos da Operação Lava Jato e obteve, perante a Presidência da República, até mesmo, a troca do diretor-geral da Polícia Federal”, acusam.

Nos bastidores
Segundo narra a procuradoria, “em agosto de 2017, a filha do ex-parlamentar, Andressa Azambuja Alves Steinmann, manteve diálogo com seu marido, o qual foi captado em interceptação telefônica, em que ela já destacava que, para obter a soltura de seu pai, seria necessária a atuação ‘nos bastidores’.”

Os procuradores ainda afirmam que, dois meses depois, a filha e a mulher de Henrique Alves, Laurita Silveira Dias de Arruda Câmara, “por intermédio do senador Garibaldi Alves Filho, tio do ex-parlamentar, procuraram o ex-presidente da República José Sarney, a fim de que esse último, mediante o uso de sua influência política, intercedesse junto a tribunais para obter a soltura de Henrique Eduardo Lyra Alves.”

Andressa, de acordo com os procuradores, “foi a uma reunião com José Sarney, na residência dele em Brasília, para tratar do assunto, tendo sido os contatos acompanhados pela Polícia Federal.” “Vários diálogos captados em interceptação telefônica evidenciam a marcação e a realização do encontro com José Sarney (tratado como ‘Presidente’), ao passo que outros demonstram que Henrique Eduardo Lyra Alves, ao ser informado sobre o resultado da reunião, teria ficado ‘animado’ e ‘otimista’, confiando na iminência da revogação de suas prisões preventivas”, detalham os procuradores.

“Os registros da Academia da Polícia Militar Coronel Milton Freire, onde Henrique Eduardo Lyra Alves se encontra preso, apontam que ele foi visitado, nos meses de setembro e outubro de 2017, exatamente, por Andressa Azambuja Alves Steinamnn, por Laurita Silveira Dias de Arruda Câmara e pelo senador Garibaldi Alves Filho. Por certo foram tratar, entre outros assuntos, da articulação política para a soltura do ex-parlamentar”, concluem os integrantes do Ministério Público Federal (MPF).

Outro lado
Em nota, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, Kakay, que defende Sarney, afirmou: “O presidente Sarney confirmou que recebe o Garibaldi, que tem uma relação pessoal com ele, que o recebeu, inclusive com a presença da filha, mas que foram lá apenas para chorar as mágoas, contar da tristeza [em relação à prisão e aos processos contra Henrique Alves] e que não fizeram um pedido e que ele nem teria condições de fazer nada a respeito se tivessem pedido. Ele apenas os recebeu por solidariedade e por amizade a Garibaldi, que o visita vez ou outra”.

A reportagem entrou em contato com as defesas de Henrique Eduardo Alves e de Garibaldi Alves, mas ainda não obteve retorno.

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