Heleno: falta de vacinas pode ter contribuído para crise no Haiti
O general comandou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Presidente do país foi assassinado nesta quarta
atualizado
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O ministro-chefe do Gabinete do Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, comentou à rádio Bandeirantes, na manhã desta quarta-feira (7/7), o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse. Para Heleno, a crise política vivida pelo país e a falta de vacinas contra Covid-19 podem ter relação com o crime.
“As manifestações por pedido de vacinas têm sido numerosas. O país é um dos poucos do mundo que não vacinou. E a imprensa haitiana é muito ativa, principalmente o rádio e os jornais, que são feitos em Miami por haitianos que estão nos EUA”, explicou Heleno.
“Eu, quando estava lá, eu regulava muito isso. Procurava determinar os trajetos das manifestações justamente para evitar que houvesse confrontos. Mas essa [manifestação] é uma atividade mais que comum no Haiti, as mulheres vendem mercadorias nas ruas, até fazendo escambo e os homens ficam andando pra lá e pra cá porque não têm emprego. A situação do Haiti é muito particular”, declarou o general.
De acordo com o primeiro-ministro interino, Claude Joseph, informações preliminares indicavam que os assassinos estariam se comunicando através do idioma espanhol. Augusto Heleno explicou que o fato não revela muita coisa, já que a maioria da população haitiana domina mais de 3 idiomas.
“Essa afirmativa que tinha alguém falando espanhol não é nada assustador, eles podem até ter combinado de falar espanhol para deixar essa impressão. É um detalhe importante? É! Mas não existe esse tipo de interferência da República Dominicana lá. Não existe facções dominicanas no Haiti e nem essa predisposição política”, afirmou.
O ministro do GSI serviu no Haiti por quase dois anos. De junho de 2004 a setembro do ano seguinte, Heleno ocupou o posto de primeiro comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), formada por um efetivo de 6,2 mil soldados de 13 países.
Entenda o caso
Jovenel Moïse e a esposa Martine Moïse estavam em casa, numa residência particular em Porto Príncipe, quando o local foi invadido por um grupo ainda não identificado. O presidente haitiano morreu ainda no local.
Martine Moïse também foi atingida e levada para o hospital. O primeiro-ministro interino do país, Claude Joseph, diz que “todas as medidas são tomadas para garantir a continuidade do Estado e proteger a nação”.
Nos últimos anos, a capital haitiana, Porto Príncipe, vem sofrendo um aumento na violência, enquanto gangues lutam entre si e contra a polícia, pelo controle das ruas. Nesse cenário, o país também lida com o empobrecimento. A oposição, por sua vez, criticava que Moïse governava o Haiti sem o controle do Legislativo, desde o ano passado.
O presidente assassinado, contudo, dizia que ficaria no cargo até o dia 7 de fevereiro de 2022.